Moraes diz que big techs não são neutras, nem enviadas por Deus, e estimulam o fascismo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes diz que plataformas digitais como Meta, X, Rumble e outras não são neutras e tem projeto político

Durante aula magna para alunos da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), o ministro Alexandre de Moraes disse que o Brasil vive um retorno ao “discurso do tio do churrasco” , representada por uma parcela da população que tem uma visão preconceituosa e ressentida da vida e da política, alimentada diariamente pelas redes sociais.

O magistrado advertiu aos estudantes que “as big techs não são enviadas de Deus, como alguns querem”.

“Elas não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, ignorando a soberania nacional de cada país, ignorando legislações, para terem poder e lucro”, afirmou.

Ele associou essas companhias ao fascismo e a uma lavagem cerebral, afirmando que as redes sociais foram instrumentalizadas pela extrema direita em diferentes países para atacar o que chamou de três pilares da democracia: imprensa livre, eleições periódicas e Judiciário independente.

“Estamos começando a entender como se deu esse processo de transformar as redes sociais em instrumentos de uma ideologia nefasta, o fascismo, disseminando discursos de ódio, misoginia, homofobia e até ideias nazistas”, declarou.

Descreveu então o que seria o “modus operandi” dos “movimentos de populismo digital extremista”.

“Em nenhum lugar do mundo esses grupos dizem que são contra a democracia. Eles dizem: ‘essa democracia tem fraudes’. Então, essa não vale. Se eu perder, não vale. Só tem democracia se eu ganhar. E para fortalecer a democracia, eu tenho que tomar o poder. Esse é o discurso.”

Na semana passada, Moraes foi alvo de uma ação conjunta em um tribunal federal dos EUA impetrada pela empresa de mídia do presidente Donald Trump e pela plataforma de vídeos Rumble. O processo foi movido em distrito na Flórida onde o Rumble está sediado.

As plataformas afirmam que recentes ordens de Moraes determinando que o Rumble feche a conta do influenciador bolsonarista Allan dos Santos e forneça os seus dados de usuário violam a soberania dos Estados Unidos, a Constituição americana e as leis do país.

 

Alexandre de Moraes aponta pressão das big techs no Congresso Nacional

O ministro citou o Projeto de Lei (PL) das Fake News como exemplo de como as grandes empresas de tecnologia pressionam o Congresso para proteger seus interesses, distorcendo o debate sobre democracia e liberdade de expressão.

Ele defendeu a criação de limites legais para as redes sociais, reforçando sua posição de que as plataformas devem ser responsabilizadas por permitir discursos de ódio e conteúdos ilegais.

Moraes também criticou ataques à credibilidade do sistema eleitoral e do Judiciário, ironizando tentativas de “copiar” a ditadura, e finalizou com uma defesa contundente da Constituição, afirmando que ela resistiu a dois impeachments e a uma tentativa de golpe.

“Há uma instrumentalização das redes sociais por grupos econômicos e ideologicamente fascistas, de extrema-direita, para corroer a democracia por dentro. Esse é o grande desafio hoje de quem defende a democracia”, ressaltou Moraes.

 

 

+ Notícias

Categoria

Notícias recentes