Inocente é jogado por PM em cima de uma ponte, imaginem, se o golpe tivesse acontecido naquele 08 de janeiro de 2023
por Angelo Cavalcante
Imagina se fosse na ditadura? Nem quero imaginar uma situação dessas!
Todos vimos…
Um rapaz de 24 anos, sem armas, sem oferecer qualquer tipo de resistência e cumprindo canina e fielmente todas as ordens da guarnição que o abordava, é lançado de uma ponte como se fosse um pacote, uma pedra ou um aviãozinho de papel.
Tudo, é claro, filmado, registrado e documentado.
Na terra, no latifúndio que mais mata índios no Brasil, no remoto e agrário Matou Grosso do Sul, indígenas pediam água; reparem… Indígenas pediam água e a “corajosa” PM desse fim-de-mundo, não hesita, não titubeia e dispara feroz contra mulheres, idosos e crianças.
Ainda bem que não estamos na ditadura. Já pensaram nisso?
No Rio de Janeiro, uma bala perdida, de uma polícia igualmente perdida, atinge fatalmente o esqueleto craniano de “perigosa” criança de quatro anos; o projétil destruiu, arrancou os ossos frontal e parietal do crânio do referido infantil.
Um horror!
Em expresso ato e gesto de solidariedade, sua comunidade se reuniu para orações e para o pranto público; a polícia – sempre ela! – simplesmente proibiu, empatou a caminhada da população até a igrejinha do alto.
Ainda bem que não estamos na ditadura. Já pensaram nisso?
Na manhã de ontem, ainda no Rio de Janeiro, um tiroteio sem-fim atingiu trabalhadores e que, às seis da manhã, saiam para o “rala”.
Essas pessoas apareceram deitadas, estiradas e feridas sobre calçadas e é claro, amedrontadas, por conta dos balaços das milícias.
Nessa semana, a CCJ da Câmara dos Deputados aprovou na pressa e no afogadilho que crianças/meninas/mulheres estupradas sejam impedidas de realização de aborto clínico, médico e assistido.
Especialistas e organismos de defesa dos direitos reprodutivos e das mulheres consideram tal proposta um acinte, um atentado à grave condição das vítimas.
Ainda bem que não estamos na ditadura. Já pensaram nisso?
A Polícia Federal (PF) brasileira, após dois anos de muita investigação, descobre a mais perversa, sórdida e incrível tentativa de golpe do mundo recente. No plano havia prioritária e devidamente registrado o assassinato do presidente da República, do vice-presidente e do presidente do TSE.
Mais…
A PF descobriu enredos de tocaias, estratégias de envenenamentos e mesmo armamentos, seus calibres, as munições e quando iriam ser utilizados.
Tudo gerido por generais, oficiais, ajudantes-de-ordens e, é claro, sob o mando impiedoso de um ex-presidente; tudo, evidentemente, “por deus, pela pátria e pela família”.
Ainda bem que não estamos na ditadura. Já pensaram nisso?
Aliás, o governo trabalhista de Lula da Silva acaba de preparar imenso pacote de arrocho orçamentário; os militares, de novo, foram poupados. A “tesourada” foi, sobretudo, para a saúde, a moradia e a educação.
Bom… Ainda bem que não estamos na ditadura. Já pensaram nisso?
Viva a democracia!
Angelo Cavalcante – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.