Durante encontro na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o presidente Donald Trump afirmou que os EUA vão tomar o controle do território da Faixa de Gaza.
“Os EUA vão tomar o controle da Faixa de Gaza. Vamos ser donos e responsáveis por desarmar todas as perigosas bombas não detonadas e outras armas no local”, disse.
O encontro aconteceu em meio a esperanças de que isso possa levar a um fim permanente da guerra de quase 16 meses.
Netanyahu, por sua vez, declarou que Trump é o “melhor amigo que Israel já teve” na presidência dos EUA. “Eu já disse isso antes, direi novamente: você é o maior amigo que Israel já teve na Casa Branca. E é por isso que o povo de Israel tem um respeito tão enorme por você.”
Em outra fala, Trump deu a entender que a reconstrução de Gaza não aconteceria para beneficiar os palestinos. “[Gaza] não deveria passar por um processo de reconstrução e ocupação pelas mesmas pessoas que realmente ficaram lá e lutaram por isso […] e viveram uma existência miserável lá”, disse ele, sem dar mais detalhes.
Trump disse antes da reunião que insistiria com seu aliado para manter o acordo de cessar-fogo na região – partes do qual ainda precisam ser finalizadas. O republicano disse aos repórteres na Casa Branca que os palestinos “adorariam” deixar sua terra natal em Gaza e viver em outro lugar se tivessem a opção. “Eu acho que eles ficariam entusiasmados”, afirmou.
“Não sei como eles poderiam querer ficar. É um local de demolição”, disse ele, mais de 15 meses depois que Israel, principal aliado dos EUA na região, conduziu uma ofensiva militar que resultou na morte de mais de 47 mil palestinos na Faixa de Gaza. Trump já havia apresentado um plano para “limpar” Gaza, pedindo que os palestinos se mudassem para o Egito ou para a Jordânia.
Ambos os países rejeitaram categoricamente essa ideia e, na terça-feira, seus líderes enfatizaram “a necessidade de se comprometer com a posição árabe unida”, que ajudaria a alcançar a paz, de acordo com a presidência egípcia.
“Consideramos isso uma receita para criar caos e tensão na região. Nosso povo na Faixa de Gaza não permitirá que esses planos sejam aprovados”, disse Sami Abu Zuhri em um comunicado.
“O que é necessário é o fim da ocupação e da agressão contra nosso povo, e não sua expulsão de sua terra”. Izzat al-Rishq, colega do alto escalão do Hamas, também criticou Trump por seus últimos comentários. “Nosso povo em Gaza tem frustrado os planos de deslocamento e deportação sob bombardeio por mais de 15 meses”, disse Rishq em um comunicado separado.
“Eles estão enraizados em sua terra e não aceitarão nenhum esquema que vise arrancá-los de sua terra natal.”
Arábia Saudita
A Arábia Saudita descartou nesta quarta-feira (5) estabelecer relações com Israel a menos que seja estabelecido “um Estado palestino”. A declaração é uma resposta à afirmação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que a normalização das relações com Riad “acontecerá”, indica reportagem da Folha de S.Paulo.
“A Arábia Saudita continuará seus esforços incansáveis para estabelecer um Estado palestino independente, com Jerusalém Oriental como sua capital, e não estabelecerá relações diplomáticas com Israel sem isso”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores saudita na rede social X.
China
Ministério das Relações Exteriores da China declarou que se opõe à transferência forçada de pessoas de Gaza.
O comunicado acrescenta que a China espera que todas as partes aproveitem o cessar-fogo em Gaza e a governança pós-conflito como uma oportunidade para retomar o caminho para uma solução de dois Estados.
Lula
O presidente Lula (PT) concedeu entrevista às rádios Itatiaia, BandNews FM BH e Mundo Melhor, de Minas Gerais e durante a conversa, ele criticou a declaração de Donald Trump, que sugeriu que os EUA assumissem o controle da Faixa de Gaza e relocassem a população palestina. Para Lula, a fala do presidente americano é “irresponsável” e desrespeita a soberania palestina.
“A fala dele é incompreensível para qualquer ser humano”, afirmou o mandatário, defendendo que líderes mundiais devem agir com responsabilidade. Ele destacou que cada país deve cuidar de seus próprios assuntos e que os palestinos devem decidir o futuro de Gaza. Segundo o presidente, o mundo precisa de “paz e não de frases de efeito”.
Com BdF e Brasil247