Segundo cálculos feitos pelo ministro da Fazenda Haddad (PT), o mundo pode arrecadar US$ 250 bilhões anuais com a taxação sobre os super-ricos. Ele defende que este recurso extra seja destinado a ações de combate à fome e financiamento da transição para uma economia sustentável e combate às mudanças climáticas.
O estudo leva em cona que o novo imposto, incidindo somente sobre os 0,2% mais ricos do país, o imposto atingiria 267.460 mil pessoas no Brasil que têm riqueza declarada de mais de R$ 13 milhões e uma renda média mensal de R$ 218 mil reais, segundo a publicação do Made/USP.
“O perfil de riqueza desses 0,2%, é bem diferente do resto da população”, diz o economista Guilherme Klein, professor da Universidade de Leeds (Reino Unido) e pesquisador associado do Made/USP.
Para o professor Pedro Henrique Forquesato, da Faculdade de Administração, Economia, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, é falso o argumento o muito utilizado por quem é contra a taxação – se taxarem os ricos, eles sairão do País.
“Alguns ricos vão sair, mas não o suficiente para eliminar a arrecadação. Se você tiver uma taxação pelo menos mínima, igual no mundo inteiro, isso ameniza a concorrência”.
E é esta idéia – a taxação universal -, que é defendida pelo ministro Fernando Haddad. Ele observa que o ano de 2024 estabeleceu um novo recorde de bilionários no mundo: 2.781. Com um patrimônio acumulado de US$ 14,2 trilhões, eles detêm o equivalente a 6,5 vezes do PIB brasileiro (US$ 2,17 trilhões, em 2023). Só que esse grupo representa só 0,0000003% da população mundial. Ideias de taxá-los não são novidade, mas agora uma proposta tem ganhado força. Na última reunião do G20, Fernando Haddad propôs uma taxa de 2% sobre a fortuna de bilionários. Hoje eles pagam em média 0,5%, até menos do que uma pessoa comum.
O professor Forquesato avalia que basta que os grandes países – Estados Unidos, China e o bloco da União Europeia, por exemplo – tenham interesse na taxação, para que o processo tenha êxito e os governos de todo o mundo tenham acesso a esta fonte valiosa de financiamento de projetos para o desenvolvimento humano e ambiental.
“Temos, nos últimos 40 anos, uma trajetória que não parece ter limite de crescimento da desigualdade de riqueza no mundo”. Ele equipara o cenário atual ao período pré-Primeira Guerra, época marcada pela discrepância de renda.
Para ele, a medida sequer diminuiria a quantidade de bilionários, apenas frearia um aumento ainda maior da concentração de riqueza. “Já tem simulações que mostram que [taxações do tipo] nem reduziriam a riqueza dos bilionários. Se fossem aplicadas 30 anos atrás, ela se manteria constante.”
Com informações do Jornal da USP e da BBC