PF investiga esquema que movimentou R$ 1,5 bilhão em notas falsas nas creches na prefeitura de São Paulo

A investigação da Polícia Federal (PF) revelou um esquema de desvio de recursos públicos nas creches terceirizadas da Prefeitura de São Paulo, conhecido como “máfia das creches”. O esquema movimentou aproximadamente R$ 1,5 bilhão entre os anos de 2016 e 2020, utilizando uma rede intricada de organizações sociais, escritórios de contabilidade e fornecedores.

Na última terça-feira, (30/07) a PF finalizou uma etapa da investigação, confirmando o desvio de recursos públicos e indiciando mais de 100 pessoas. Além disso, o inquérito continua aberto para investigar um possível envolvimento do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)

De acordo com a PF, uma das principais empresas envolvidas no esquema, responsável pela emissão das notas fiscais falsas, transferiu R$ 1,3 milhão para a Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria), que era gerida por uma funcionária da empresa da família de Nunes.
Prefeito investigado
Um levantamento feito pelo gabinete da deputada federal Luciene Cavalcante (Psol-SP) mostra que a Associação Amigo da Criança e do Adolescente (Acria), organização social investigada pela Polícia Federal no inquérito chamado de “máfia das creches”, teve R$ 200 milhões em contratos com a Prefeitura de São Paulo, sendo R$ 122 milhões durante a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A informação está em um ofício que Cavalcante protocolou, nesta quinta-feira (1), no Tribunal de Contas do Município (TCM) de São Paulou e na Promotoria do Patrimônio Público, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

A suspeita da Polícia Federal é que Nunes tenha recebido repasses ilegais por meio de uma empresa “noteira” – que emite notas sem prestar serviços – que cuidava da contabilidade de algumas organizações sociais conveniadas pela prefeitura para administrar creches.

Entre essas organizações sociais está a Acria, que já foi presidida por uma ex-diretora da Nikkey Serviços Ltda, empresa ligada à família do prefeito. A Nikkey tinha Nunes como sócio até de 2022, quando foi transferida para o nome de Ricardo Nunes Filho, primogênito do mandatário.

O levantamento de Cavalcante mostra que, em 2020, a Acria assinou R$ 19,1 milhões em contratos com a prefeitura. No ano seguinte, 2021, Ricardo Nunes assumiu o governo paulistano após a morte de Bruno Covas, e o faturamento da organização social deu um salto para R$ 32,1 milhões.

Em 2022 a tendência de crescimento se manteve e a Acria conseguiu faturar R$ 34,4 milhões com a prefeitura paulistana. Em 2024, até o mês de junho, a organização social já conseguiu R$ 22,7 milhões em contratos com o governo de Nunes.

 

Esquema de notas falsas

Um dos investigados pela Polícia Federal é Valderci Malagosini Machado, ex-subprefeito indicado por Nunes. O gabinete de Cavalcante descobriu que o empresário é sócio da Crescent Empreendimentos e Participações LTDA, empresa proprietária de dois imóveis que são locados pela Acria.

Rosângela Crepaldi, funcionária do escritório de contabilidade apontado como empresa “noteira” pela investigação, afirmou em depoimento à Polícia Federal que Ricardo Nunes recebeu dinheiro desviado das creches, quando ainda era vereador em São Paulo.

Crepaldi também informou em seu depoimento que Nunes controlava o trâmite financeiro da Acria, com o auxílio de Valderci Malagosini Machado.

“Há uma verdadeira máfia instalada na prefeitura, dentro da Educação. Toda essa denúncia revelada a partir da Educação nos dá conta de um esquema de desvio e lavagem de dinheiro. São mais de 100 pessoas indiciadas, pessoas ligadas ao prefeito Ricardo Nunes, isso é gravíssimo”, disse Luciene Cavalcante.

Brasil de Fato entrou em contato com a Prefeitura de São Paulo e com a Associação Amigo da Criança e do Adolescente para pedir informações, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.

Com informações do DCM

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