PF deflagra quarta fase da Operação ‘Última Milha’, que investiga o “gabinete do ódio” e a ‘Abin Paralela’

Brasília/DF. A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (11/7) a 4ª fase da Operação Última Milha. O objetivo é desarticular organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de Brasília/DF, Curitiba/PR, Juiz de Fora/MG, Salvador/BA e São Paulo/SP.

Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

Deputados, jornalistas e ministros do STF foram espionados

O esquema de espionagem ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro inclui na sua lista alvos como o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário do então mandatário. Além deles, outros parlamentares, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas também foram monitorados.

Segundo diálogos obtidos pela Polícia Federal, que motivaram a operação Última Milha, que desde 2023 apura o uso ilegal de sistemas da Abin para espionar adversários de Bolsonaro, o ex-presidente da Câmara, Rodrigo maia, também teve sua movimentação monitorada. A ordem contra ele partiu do próprio ex-chefe da agência, Alexandre Ramagem (PL-RJ), atualmente deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Rio.

Os diálogos dos alvos da operação também revelaram a espionagem de escritórios de advocacia, deputados e senadores do PP e MDB, além de adversários políticos de membros da Esplanada dos Ministérios. Havia ainda ações clandestinas contra Alexandre de Moraes e Roberto Barroso, do STF, “com o escopo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral”.

Veja a lista de desafetos políticos de Bolsonaro monitorados no esquema ilegal:

  • Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.
  • Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, o deputado Kim Kataguiri e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, e Joice Hasselmann. E os senadores: Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que integravam a CPI da Covid no Senado.
  • Poder executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo e servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
  • Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

A PF realizou uma operação nesta quinta contra ex-servidores da Abin e influenciadores do “gabinete do ódio”. Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

Foram presos Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército e foi cedido à Abin; ⁠Matheus Sposito, assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão Bolsonaro; ⁠Marcelo de Araújo Bormevet, ex-segurança e chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Abin; e Richards Dyer Pozzer, empresário investigado por espalhar fake news.

Com informações da PF e DCM

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