O curioso dessa pesquisa é que entre os que culpam Netanyahu pelo maior massacre de judeus desde o Holocausto, 79% são apoiadores de sua coligação de extrema direita. Ou seja, demonstra que o primeiro-ministro mais longevo de Israel está em apuros com a sua própria base de eleitores.
A extensa maioria (94%) dos ouvidos pelo Dialogue Center acredita que o governo deve assumir alguma responsabilidade pelo despreparo em assegurar a segurança de seus cidadãos.
Netanyahu e seu Gabinete estão diante não apenas do colapso de sua política em relação aos palestinos. O ataque perpetrado pelo Hamas fez ruir na população a sensação de segurança que o primeiro-ministro ostentava com orgulho cada uma das vezes que enfrentava seus adversários nas urnas
Nesta última semana, os apelos para que ele renuncie já, mesmo em tempos de guerra, vêm de frentes diversas e refletem o resultado demonstrado pela pesquisa divulgada pelo jornal israelense.
Ex-ministro da Defesa e ex-chefe do Estado Maior em governos de Netanyahu, Moshe Yaalon exigiu que o premiê pague o preço de seu fracasso e deixe o cargo. “Não há confiança nele. Cada hora em que ele permanece no comando é um prejuízo para o país”, atestou.
Num duro artigo publicado no jornal “Haaretz”, o colunista Nehemia Shtrasler defendeu a remoção imediata de Netanyahu e advertiu sobre a fraqueza da oposição ao aceitar uma função num governo de emergência.
“Eles não deveriam estar falando sobre falsa unidade; eles não deveriam fornecer uma tábua de salvação para um bandido.”
À medida que surgem mais e mais evidências sobre as falhas de segurança que permitiram o ataque do Hamas, Netanyahu se enfraquece diante da população. O deslocamento das forças de segurança de Gaza para a Cisjordânia, os informes de serviços de inteligência que não foram levados a sério e as brechas abertas no muro que o governo assegurava ser inviolável minaram a confiança do público no governo.
O escritor David Grossman resume como traição do governo o sentimento que impera no país.
“Vimos o abandono deste Estado em favor de interesses mesquinhos, de uma política cínica, tacanha e delirante”, resumiu, em alusão ao primeiro-ministro, que já estava desgastado politicamente por nove meses de protestos populares contra a sua malfadada reforma judicial.
Com informações do G1