Para 88%, foi Bolsonaro venceu as eleições de 2022 , 94% afirmam que o Brasil vive uma ditadura e 92% se declararam de direita e 78% muito conservadores
Marcus Vinícius de Faria Felipe
A Universidade de São Paulo (USP) entrevistou os participantes do ato realizado no último domingo (25/02) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, e o que os pesquisadores encontraram foi um universo paralelo, uma visão de mundo onde para 88% dos presentes na manifestação, foi Bolsonaro e não Lula quem foi eleito em 2022. Outros 94% consideram que o Brasil vive uma ditadura do Judiciário.
A pesquisa não deixa dúvidas de que os manifestantes são absolutamente identificados com a ideologia de extrema-direita, com 92% se considerando de direita, 78% muito conservador e 18% um pouco conservador. A maioria dos entrevistados se declarou católico (43%), um terço (29%) são evangélicos, 10%, espíritas, 7% de outras religiões e 10% não tem religião.
Quase metade dos participantes se identifica com os valores da ditadura militar. Para 49% o ex-presidente Jair Bolsonaro deveria ter decretado uma GLO (Garantia de Lei e Ordem) colocando o exército nas ruas para se manter no poder; outros 42% avaliam que Bolsonaro poderia ter invocado o artigo 142 da Constituição para que o Exército fizesse a intervenção nos outros poderes da República (Legislativo e Judiciário); apenas 23% são favoráveis ao Estado de Sítio, medida extrema em que o Governo Federal ganha precedentes sobre os Poderes Legislativo e Judiciário e sobre as liberdades individuais; 61%, no entanto, são contra.
Na impossibilidade de Jair Bolsonaro ser candidato à presidência da República em 2026, a maioria dos entrevistados (61%) defendem que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve ser o nome deste segmento conservador para disputar com o presidente Lula (PT); a ex-primeira dama Michele Bolsonaro vem a seguir com 19%; o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) tem 7% e com 1% de citações estão os filhos do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, a senadora Damares Alves e o General Braga Neto. Indecisos somam 6% e nenhum deles 3%. O governador Ronaldo Caiado (UB) não recebeu nenhuma citação.
Metodologia
A Escola de Artes e Ciências Humanitárias da Universidade de São Paulo (USP) investigou as características demográficas, identidade política e a opinião dos participantes da manifestação na Avenida Paulista a respeito de vários assuntos políticos. Para o estudo, foram entrevistados 575 pessoas entre as 13:30 e as 17:00 em toda a extensão da manifestação na Avenida Paulista. A margem de erro com grau de confiança de 95% é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. A imensa maioria dos entrevistados (66%) se declarou morador da grande São Paulo e 34%, de outras cidades.
A pesquisa foi coordenada pelos professores Pablo Ortellado Márcio Moretto Ribeiro e contou com uma equipe de 20 entrevistadores: Girliani Martins, Luiza Foltran e Débora Leite Entrevistadores Aline Luczkiewicz Leris de Souza Adolpho Henrique Mayer Neto Camila Luczkiewicz Leris de Souza Eduardo Kenji Futema Honji Gabriel Shoji Higa Gabriella Mateus de Lima do Prado Giulia Baffini Santana Giovana Maria Potenza Isaac Matheus de Sousa Pereira João Gabriel Dos Santos Godinho Jordão Calatróia da Rocha Julia Valle Silva Julius Vinícius de Carvalho Alves Kaio Macedo Quirino Pedro dos Santos Oliveira Pedro Prates Games Phellipe Ferreira da Silva Renan Borges de Sousa Vitor Gabriel Ramalho William de Jesus Silva.