PCC: Pablo Marçal deu procuração para piloto preso pela PF por tráfico internacional de cocaína

PCC: Pablo Marçal deu procuração para piloto preso pela PF por tráfico internacional de cocaína

Marçal é flagrado mais uma vez com elementos ligados ao PCC e ao tráfico de drogas participando de sua campanha

Se tem boca de jacaré, rabo de jacaré, dente de jacaré, que bicho que é?

Não pode ser pato, né? Tem que ser jacaré.

O mesmo vale para o coach goiano Pablo Marçal (PRTB), cuja campanha à prefeitura de São Paulo está rodeada de elementos investigados por tráfico de drogas além, da ligações de membros do seu partido com a organização criminosa do Estado de São Paulo, o  PCC (Primeiro Comando da Capital).

Durante a participação de Tabata Amaral (PSB) no debate da TV Gazeta (SP)/My News, a candidata revelou que Marçal deu procuração para o piloto Florindo Mirando Ciorlin, que foi preso pela  Polícia Federal (PF) por envolvimento com tráfico internacional de cocaína, em 6 de maio de 2021. Cinco meses após ser preso pela, Florindo Mirando Ciorlin recebeu de Pablo Marçal, atual candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, uma procuração dando plenos poderes para representá-lo junto a órgãos do governo federal.

Pablo Marçal ficou acuado com revelação de Tabata Amaral (PSB), que questionou a integridade de Marçal para discutir políticas de combate à Cracolândia, dado seu suposto envolvimento com o tráfico de drogas.

“Não estavam querendo ressaltar um grande risco que a gente tem nessa eleição que é de um criminoso, que tem inúmeras ligações com o crime organizado, querer ser prefeito da maior cidade do país”, afirmou a candidata do PSB.

 

Ligações com o PCC

Investigação da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE), da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes mostra envolvimento de membros do PRTB, partido de Marçal, com o PCC. A apuração teve início em 6 de agosto de 2020, após a apreensão de uma arma, drogas, um telefone celular e um pen drive com Francisco Chagas de Sousa, conhecido como Coringa, dono de uma adega na zona leste de São Paulo. O pen drive continha material relacionado ao controle de integrantes do PCC.

A apuração também envolve Tarcísio Escobar de Almeida, ex-presidente estadual do PRTB, e Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, sócio de Escobar e também participante de eventos do PRTB. Gordão e Escobar eram considerados homens de confiança de Leonardo Alves Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB e apoiador da candidatura de Marçal.

Novos áudios
Novos áudios obtidos pela polícia revelam uma conversa entre o acusado Rafael Silva Peixoto, conhecido como Rafinha ou Buchecha, e Gordão, ocorrida à 0h44 do dia 5 de dezembro de 2020. Segundo a polícia, ambos teriam “funções de comando” na organização criminosa.

No áudio, Gordão discute um incidente em que foi “barrado por um ‘vapor’ (funcionário de um ponto de venda de droga) na biqueira de Magrão (Helder Alves Barbosa)”. Gordão tirou satisfação com Barbosa “indignado com o comportamento do ‘vapor’, o qual não poderia ter agido daquela forma dado o seu posto no Comando”.

Para a polícia, esse diálogo é mais uma evidência da participação de Rafinha e Gordão no tráfico de drogas na região de Guaianases, na zona leste de São Paulo, onde Magrão estaria envolvido na venda de entorpecentes. Em 4 de janeiro de 2021, Rafinha e Magrão também conversaram com outro membro do grupo, Albert Teles da Silva, conhecido como Perturbado.

Carros de luxo
Segundo a polícia, o grupo envolvido trocava carros de luxo por cocaína com Marcos Francisco de Oliveira, conhecido como Gordão de Umuarama. Conversas de Oliveira foram interceptadas pela polícia, incluindo diálogos com um criminoso identificado como Irmão Marginal, que também está implicado no caso.

A perícia revelou que, no celular de Gordão, há conversas que confirmam seu total envolvimento com a organização criminosa, mostrando que ele era cobrado por prazos e por “irmãos” da facção. Irmão Marginal é um dos responsáveis por essas cobranças e aparece em duas conversas registradas em 2021.

Outro membro interceptado pela polícia é Felipe Jerônymo Oliveira, conhecido como Nariz. Em 1º de fevereiro de 2021, Nariz foi liberado da prisão após responder por tráfico de drogas, tendo sido preso em flagrante pelo Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).

A investigação de Mogi sugere que Nariz seria sócio de Rafinha e que ambos planejavam investir na compra de veículos para alugá-los a motoristas de aplicativos, com o objetivo de lavar dinheiro do tráfico.

No dia 25 de fevereiro de 2021, Nariz enviou uma mensagem para Rafinha dizendo: “Achei o mano que gravou lá os vídeo do final do ano. Ele tá sequestrado e vamo tá esperando só vc pra dar continuidade (sic)”. Nariz finaliza com um “kkk”. Rafinha responde: “Já era, ‘pocas’ (ideias)”.

A polícia acredita que a mensagem se refere ao sequestro de uma vítima para julgamento pelo tribunal do crime, embora a identidade da vítima não tenha sido revelada. Pessoas executadas após esse julgamento geralmente são enterradas em cemitérios clandestinos.

Os dois continuaram discutindo assuntos da facção em 15 de março, quando falaram sobre um criminoso que estava devendo dinheiro aos traficantes. Nariz informou a Rafinha que conseguiu o telefone do “disciplina” para colocar “o Gordinho no prazo (lista de devedores do PCC)”. Rafinha respondeu: “Já era”. No mesmo dia, às 17h56, eles também discutiram o adiamento de uma entrega de drogas.

Rafinha e Gordão teriam mantido o comando de atividades no Jardim Lajeado e em Guaianases, bairros da zona leste de São Paulo, além de Mogi das Cruzes.