O ódio de Bolsonaro à ciência

O ódio de Bolsonaro à ciência

Em seu site, “Socialista Morena” a jornalista Cynara Menezes faz um paralelo entre o desmonte à ciência brasileira no governo atual e a caça aos cientistas no período ditatorial.

Em apenas sete meses de governo, o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro já coleciona diversos ataques à ciência brasileira. Em abril, duvidou dos números do IBGE em relação ao desemprego; em maio, censurou a divulgação de uma pesquisa nacional sobre drogas elaborada pela Fiocruz; e agora demitiu o diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão, simplesmente porque não aceita que o desmatamento, em sua gestão, disparou.

O instituto apontou que o desmatamento na Amazônia, em quilômetros quadrados, aumentou 34% em maio, 91% em junho e 125% em julho em relação aos mesmos meses em 2018. Quer dizer, em vez de trabalhar para impedir que o desmatamento avance, como fizeram os governos petistas, o presidente optou por esconder os dados, demitindo o responsável por eles. Detalhe: o monitoramento é feito por satélite. Bolsonaro duvida de imagens feitas por satélite.

Ao atacar cientistas, o governo dá sinais de que irá repetir a perseguição a cientistas empreendida pela ditadura militar. Após o golpe, em 1º de abril de 1964, os militares se insurgiram contra o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), antigo nome da Fiocruz, interrompendo pesquisas, impondo um diretor fiel ao regime, controlando as atividades dos pesquisadores com a presença ostensiva de militares no campus e cortando verbas. Muitos cientistas foram arrolados em inquéritos, sob o pretexto de se apurar atos de “subversão” e “corrupção”. A instituição foi sucateada: na década de 1960, contava com aproximadamente 140 pesquisadores; em 1974, esse número caiu para a metade.

No dia 1º de abril de 1970, sem que nenhuma acusação tivesse sido provado contra eles, dez cientistas do Instituto Oswaldo Cruz foram cassados pela ditadura com base no AI-5. Tiveram seus direitos políticos suspensos e foram impedidos de trabalhar no instituto e em outras instituições federais. O episódio é conhecido como O Massacre de Manguinhos, referência ao bairro onde está localizado o instituto e título do livro de Herman Lent publicado pela primeira vez em 1978, às vésperas da anistia, relançado em maio pela Fiocruz também em versão digital, que pode ser baixada gratuitamente.

 

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