O Globo: EUA mudam de postura em relação a Israel e negociam plano de cessar fogo temporário

O Globo: EUA mudam de postura em relação a Israel e negociam plano de cessar fogo temporário

A fala do presidente Lula (PT) contra o genocídio palestino está produzindo efeitos diretos na relação de Biden e Netanyahu

Segundo matéria publicada no jornal O Globo, com base em documentos obtidos pelo jornal New York Times, Os Estados Unidos vetaram, nesta terça-feira, o projeto apresentado no Conselho de Segurança da ONU pela Argélia, que exigia “um cessar-fogo humanitário imediato que deve ser respeitado por todas as partes”, porém,  nos bastidores, Washington negocia uma resolução que propõe um cessar-fogo temporário “assim que possível” e alerta Israel contra a invasão da cidade de Rafah, no sul de Gaza, para onde milhões de pessoas fugiram, de acordo com uma cópia do rascunho obtido pelo New York Times.

A proposta da Argélia  opunha-se ao “deslocamento forçado da população civil palestina” e exigia a libertação de todos os reféns feitos pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro. Segundo o porta-voz das Forças Armadas de Israel, Daniel Hagari, 134 ainda permanecem em cativeiro no enclave palestino.

A reportagem do Globo observa que até agora, somente os Estados Unidos rejeitaram  as exigências de um cessar-fogo total nas resoluções da ONU sobre a guerra em Gaza, apoiando Israel na sua guerra contra o Hamas. Em outubro do ano passado, os EUA vetaram proposta do chanceler brasileiro Mauro Viera, que previa cessar-fogo humanitário. A mudança de rumos do governo Biden, ocorre no momento em que sobem as críticas à política genocida do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Ontem, 26 dos 27 países que compõe a União Europeia (o voto contrário foi da Hungria), condenam a matança na Faixa de Gaza e exigiram uma pausa humanitária imediata, propondo um cessar fogo sustentável em Gaza.

Tio Sam põe o pé na porta

O jornal O Globo analisa que embora a proposta norte-americana venha com várias ressalvas em relação à palavra “cessar-fogo”, “a resolução americana reflete a mudança do presidente Joe Biden em direção às críticas da condução da guerra por Israel e à sua ofensiva planejada na cidade de Rafah, que o Estado judeu alega ser um dos redutos restantes do braço militar do Hamas”.

Ainda segundo O Globo, o projeto de resolução diz que uma invasão de Rafah “teria sérias implicações para a paz e segurança regionais” e não deveria ocorrer “nas atuais circunstâncias”. Mais de metade da população civil de Gaza foi forçada a se deslocar para a cidade por causa da guerra e as sucessivas ordens do Exército de Israel para o deslocamento. A maioria está amontoada em abrigos temporários e acampamentos de tendas, além de enfrentarem um agravamento da crise humanitária”, ressalta.

Alemanha, Arábia Saudita e África do Sul pressionam Netanyahu contra invasão de Rafah

Matéria publicada pelo site alemão DW, informa que o  governo alemão reiteradamente destacou, no atual conflito, o direito de Israel de se defender, mas a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, alertou contra uma ofensiva terrestre em Rafah.

“Uma ofensiva do Exército israelense em Rafah seria uma catástrofe humanitária pré-anunciada”, escreveu Baerbock na plataforma de mídia social X. “As pessoas em Gaza não podem simplesmente desaparecer no ar”.

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, disse em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung estar “muito preocupado” com as consequências da planejada ofensiva terrestre em Rafah. Na Conferência de Segurança de Munique, no sábado, ele reiterou o que tem sido a linha da Alemanha desde o início do conflito: “Israel tem o direito de defender o próprio país.”

Antes do 7 de Outubro, Arábia Saudita e Israel estavam a caminho de normalizar suas relações por meio dos Acordos de Abraão. Mas esses esforços foram interrompidos com a ofensiva de Israel em Gaza. E Riad deixou bem claro que se opõe fortemente a um ataque a Rafah.

“O Reino da Arábia Saudita adverte para as gravíssimas repercussões de invadir e atacar a cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, que é o último recurso para centenas de milhares de civis forçados a fugir pela brutal agressão israelense”, diz uma declaração de 10 de fevereiro da Agência de Imprensa Saudita, a agência de notícias oficial do governo. “O reino afirma sua categórica rejeição e forte condenação da deportação forçada deles, e renova sua exigência por um cessar-fogo imediato.”

África do Sul levou Israel à Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusando o país de genocídio do povo palestino. Na sexta-feira, o pedido da África do Sul ao tribunal para instituir medidas para proteger Rafah, especificamente, foi rejeitado pelos juízes da CIJ.

O tribunal enfatizou, no entanto, que Israel deve “cumprir integralmente suas obrigações segundo a Convenção sobre Genocídio (…), incluindo garantir a segurança e a proteção dos palestinos na Faixa de Gaza” e que continua vinculado à sua decisão de janeiro. Naquele mês, a CIJ havia respondido à solicitação da África do Sul de medidas provisórias ordenando que Israel fizesse todo o possível para prevenir mortes, a destruição e quaisquer atos de genocídio em Gaza.

Com informações do jornal O Globo e DW