Morre Carter, o presidente dos EUA que peitou a ditadura brasileira

Morre Carter, o presidente dos EUA que peitou a ditadura brasileira

Aos 100 anos, completados em 1º de outubro, Jimmy Carter morreu na tarde deste domingo (29) em sua casa em Plains, na Geórgia, mesma cidade onde nasceu.

Presidente dos EUA entre 1977 e 1981, Carter foi o mandatário estadunidense mais longevo e o único a completar um centenário de vida.

Ditadura

O presidente democrata colocou o desarmamento nuclear e a defesa dos direitos humanos no centro de sua política externa.

Os dois assuntos eram muito sensíveis para o então presidente Ernesto Geisel e os militares brasileiros, que negavam ao mundo os casos de abuso dos direitos humanos, tortura e censura da imprensa. O governo também queria usar a energia nuclear para fins civis e militares, especialmente para a propulsão de submarinos da Marinha do Brasil.

Durante sua campanha eleitoral, Carter chegou a criticar o Brasil pelos casos de tortura e prisões arbitrárias que aconteciam no período.

O embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente, lembra que acompanhou de perto a campanha americana daquele ano, quando servia como diplomata ainda em início de carreira no setor político da embaixada brasileira em Washington.

“Ainda como candidato, Carter manifestou oposição ao acordo de cooperação nuclear do Brasil com a Alemanha (que levou à construção dos reatores das usinas nucleares em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro). Ele achava que isso era um perigo para a proliferação de armas nucleares. Ele também criticou o problema dos direitos humanos do Brasil na época, depois das mortes do operário Manuel Fiel Filho e do jornalista Vladimir Herzog”, lembra o embaixador.

Falecimento

Aos 100 anos, completados em 1º de outubro, Jimmy Carter morreu na tarde de domingo (29) em sua casa em Plains, na Geórgia, mesma cidade onde nasceu.

Presidente dos EUA entre 1977 e 1981, Carter foi o mandatário estadunidense mais longevo e o único a completar um centenário de vida.

Na Casa Branca, o democrata foi uma das principais vozes críticas às ditaduras na América do Sul, em especial no Brasil.

Após perder a disputa à reeleição em 1980, o então ex-presidente dos EUA fundou o Carter Center, organização não governamental que atua até os dias de hoje como mediadora de conflitos e promotora dos direitos humanos.

“Nosso fundador, o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, faleceu esta tarde em Plains, Geórgia”, publicou a organização em suas redes sociais às 18h19 deste domingo.