O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, prestou mais de dez horas de depoimento à Polícia Federal (PF). Ele chegou à sede da PF, em Brasília, por volta das 10 horassegunda-feira (28) e acabou seu depoimento quando já passava das 20 horas. Nem o militar, nem o seu advogado falaram com a imprensa ao final da oitiva, mas segundo informações do jornalista César Tralli, da GloboNews, Cid decidiu colaborar com as investigações, o que significa que, mais do que fazer uma delação premiada, ele deverá dar informações precisas, dar o “caminho das pedras” pra os policiais.
Segundo a reportagem da GloboNews, pela decisão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro de colaborar, as investigações vão seguir daqui pra frente em sigilo absoluto.
De acordo com reportagem publicada no blog de Valdo Cruz, a colaboração de Mauro Cid atende a apelos de familiares e de setores do Exército, que avaliam que as Forças Armadas “estão sangrando em praça pública”. Por conta disso, eles esperam que o ex-ajudante e ordens faça uma delação premiada e entregue os militares envolvidos em irregularidades e atos golpistas.
Golpismo investigado
À CPMI do 8 de janeiro, no Congresso Nacional, no último dia 17, Delgatti afirmou que Bolsonaro pediu a ele para forjar uma invasão às urnas eletrônicas com intuito de desestabilizar o sistema eleitoral. E que o então presidente lhe prometeu que concederia indulto se ele fosse preso devido a suas ações golpistas. Conforme a versão do hacker, Mauro Cid teria presenciado sua conversa com o Bolsonaro.
Além disso, Bolsonaro teria encaminhado Delgatti ao Ministério da Defesa, para tratar de “questões técnicas” relacionadas ao sistema de votação eletrônico. O hacker prestou depoimento à PF um dia depois da ida à CPMI. Como “indício de prova”, ele deu detalhes da sala em que esteve na Defesa. Disse que esteve cinco vezes no ministério. Em duas oportunidades, se reuniu com o então ministro Paulo Sergio Nogueira.
Assim, a PF busca identificar os militares que participaram dessas reuniões. E não descarta convocar o ex-ministro para prestar depoimento.
Novo encontro com a PF
Cid está preso desde o dia 3 de maio, acusado de envolvimento em um esquema de falsificação de cartões de vacina. Os investigadores da Polícia Federal (PF) apreenderam seu celular e encontraram conversas e conteúdos de cunho golpista. Além disso, acharam também mensagens que apontam para o seu envolvimento no esquema de venda ilegal de joias que Bolsonaro recebeu de autoridades estrangeiras.
Sobre este último caso, Cid deve voltar à sede da PF na próxima quinta (31). Além dele, Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle e mais cinco pessoas suspeitas de envolvimento no esquema deverão depor simultaneamente. A estratégia é para evitar que os suspeitos combinem versões.
De acordo com o portal g1, a perícia nos celulares do advogado Frederick Wassef e do general da reserva Mauro César Cid – pai do ex-ajudante de ordens – traz “riqueza de detalhes” sobre o esquema. Os policiais teriam localizado, por exemplo, os pagamentos e a destinação do dinheiro obtido com a venda ilegal das joias. Diante disso, a CNN Brasil revelou hoje que a defesa de Cid “sinalizou” à PF que ele pretende confessar a sua participação. Assim, ele espera reduzir a pena em caso de provável condenação.