Marconi tem vitória dupla: arquivamento da Cash Delivery e aprovação das contas pelo TCE

Marconi tem vitória dupla: arquivamento da Cash Delivery e aprovação das contas pelo TCE

Assim como o ex-presidente Lula foi perseguido pela Lava Jato do Paraná e inocentado pelo STF o ex-governador Marconi Perillo, que foi alvo da Lava Jato do Cerrado, também foi inocentado pelo Supremo

O ex-governador Marconi Perillo concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (15), no Augustos Hotel, onde fez longo e detalhado depoimento sobre a operação Cash Delibery, que foi arquivada pelo Supremo Tribunal Federal, por decisão do ministro Gilmar Mendes. Chamada “Lava Jato do cerrado”, a Cash Delivery guarda o mesmo modus operandis da Lava Jato de Curitiba: acusações sem provas, baseadas em delações premiadas.

Marconi discorreu sobre isto. Observou que os delatores, que eram ligados a Odebrecht, não apontaram corrupção em contratos com o governo do Estado – que a época fez licitação para terceirizar a coleta de esgoto em Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Trindade e Jataí. O que consta nos autos, observa Marconi, foi a declaração (sem provas, ressalta), de que teria havido caixa 2 para sua campanha. Em relação a isto, o ex-governador rebate, salientando que esta mesma declaração foi dada pelos mesmos delatores em relação a seus adversários políticos:

“A época das  delações eu não fui o único citado. Os delatores disseram que eu, o então candidato a governador Iris Rezende, o então prefeito de Aparecida, Maguito Vilela, o então deputado federal Daniel Vilela (que é candidato a vice-governador agora) e o atual governador Ronaldo Caiado (que era apelidado de “vaqueiro” por este delator da Odebrecht), também haviam recebido ajuda financeira do chamado Caixa 2”, pontua Marconi.

Marconi então questiona:

“Ora, se Iris, Maguito, Caiado, Daniel Vilela foram citados (por caixa 2), por que fizeram esta armação só contra mim, se não havia materialidade qualquer? Por que engendraram esta operação apenas contra Marconi Perillo? Está mais do que claro que foi uma sujeira enorme, uma sordidez enorme o que fizeram comigo. No mínimo, não poderia haver dois pesos e duas medidas, no mínimo deveriam ter feito uma operação contra todos e não apenas contra mim”, desabafa o ex-governador.

Perseguição política

Assim como o ex-presidente Lula (PT) foi alvo de law fare (uso da lei para perseguir adversários políticos) pelos procuradores de Curitiba e pelo ex-juiz Sérgio Moro, o ex-governador Marconi Perillo também denuncia este tipo de conduta por parte de setores do MPF em Goiás:

“Fizeram a maior operação política contra mim. Passaram mais de quatro anos que deixei o governo e estou aqui tranquilo, de consciência tranquila, de peito aberto, e principalmente com as mãos limpas, como sempre estive para poder falar sobre este tema e quaisquer outros temas aqui no nosso Estado”.

Discurso de candidato

Na entrevista coletiva, Marconi Perillo disse que 80% das lideranças que o apoiam querem que ele dispute o governo. Ele ressaltou que várias pesquisas o colocam na liderança na disputa pelo Senado, e há também as que apontam que deveria ser candidato ao governo. O ex-governador descartou candidatura de deputado federal, ressaltando que se for candidato será a um cargo majoritário.

Aproveitou o momento para alfinetar o governador Ronaldo Caiado (UB):

“Nossos governos foram operosos, a gente fazia economia para poder fazer muito. Naquela época eu pagava dívida do Estado com a União rigorosamente em dia. Nós pagamos mais de R$ 40 bilhões, se for atualizar isto vai dar mais de R$ 60 bilhões. Este governo não paga um centavo da dívida do Estado com a União.(…) Eu quero saber onde está o dinheiro hoje? Não se paga dívida, não se dá aumento ao funcionário, não se respeita o servidor público e não tem dinheiro para fazer obras!?!”, questiona

Confira abaixo o vídeo com a fala do ex-governador:

Vitória também no TCE-GO

Além da vitória política com o fim da Operação Cash Delibery, o ex-governador também contabilizou a decisão do Tribunal de Contas do Estado que aprovou as suas contas no exercício de 2018. Os conselheiros Saulo Mesquita, Kennedy Trindade, Carla Santillo e Helder Valin votaram pela aprovação com ressalvas; Celmar Rech pela reprovação; Sebastião Tejota, pela aprovação com ressalvas no período do ex-governador Marconi Perillo e pela reprovação das contas relativas ao período de gestão do ex-governador José Eliton.

A decisão foi tomada em reanálise, numa Sessão Extraordinária, que determinou pela aprovação com ressalvas. O novo posicionamento do Tribunal, adotado por maioria dos votos, levou em consideração o entendimento do Judiciário de que há necessidade de garantir tratamento isonômico aos ex-governadores Marconi Perillo e José Eliton, uma vez que os pareceres prévios das contas de 2019 e 2020 foram pela aprovação, embora houvesse irregularidades em comum.

Em 2019, o Tribunal havia emitido parecer prévio pela reprovação das contas  do exercício anterior. Naquele mesmo ano, contudo, a decisão perdeu efeito após o Tribunal de Justiça acatar pedido da defesa dos ex-chefes do Executivo. Mesquita destacou que a decisão do Judiciário se baseou no entendimento de que o Tribunal não respeitou o direito à ampla defesa dos ex-chefes do Executivo ao não permitir que se manifestassem no processo.

 Para o Judiciário, o TCE-GO também tratou de forma desigual os ex-governadores, uma vez que o Pleno opinou pela aprovação das Contas do Governador de 2019 e 2020 a despeito de elas apresentarem irregularidades em comum com as do exercício anterior.

Desta forma, o TCE-GO pelos integrantes de seu Tribunal Pleno, emitiu Parecer Prévio pela aprovação das referidas contas, com 10 ressalvas. E, tendo em vista a análise técnica elaborada por sua unidade especializada, Serviço de Contas do Governo, o Tribunal expediu 40 determinações, com a observação de que o decurso de quatro anos desde o exercício a que se referem, caberá ao Governo informar ao TCE-GO caso tais providências já tenham sido adotadas.

A Corte de Contas emitiu ainda seis recomendações que, da mesma forma, deverão ser informadas caso já tenham sido providenciadas.