Assim como o ex-prefeito de Goiânia, o ex-governador também perdeu duas eleições majoritárias seguidas, mas Iris mostrou que em politica sempre há espaço para novos projetos
Marcus Vinícius de Faria Felipe
O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) não teve sucesso, mais uma vez, em buscar o retorno ao Senado da República. Eleito quatro vezes governador (1998. 2002, 2010, 2014), ele foi senador pelo período de 2007 a 2010, sendo eleito com 2.035.564 votos (75,82%). Em 2018 tentou voltar a Câmara Alta, sem sucesso. Neste pleito, nova derrota.
Marconi Perillo repete a trajetória de Iris Rezende (PMDB), que após a derrota para o governo do Estado em 1998, amargaria novo insucesso numa eleição majoritária não sendo reeleito para o Senado no pleito de 2002.
Entrevistei Iris Rezende quinze dias após o seu dissabor eleitoral. Ele foi à redação do Diário da Manhã conversar com o editor-geral, Batista Custódio, e deste bate-papo surgiu a entrevista, onde revelou que não penduraria as chuteiras, ao contrário, disse que estava pronto para se lançar a novos desafios.
Iris revelou que assumiria a presidência estadual do PMDB e prepararia o partido para as eleições municipais de 2004, onde pretendia eleger o máximo de prefeitos, de maneira a fortalecer a legenda para a próxima eleição estadual, que se daria em 2006.
Questionei-o então se ele pensava em se candidatar à prefeitura de Goiânia, num primeiro momento ele negou, mas como insisti novamente, ele respondeu que “esta é uma decisão que está nas mãos de Deus”. Percebi que ele seria candidato, como de fato o foi, e venceu.
Iris disputou e venceu as eleições para prefeito em 2004, 2008 e 2016. Reinventou-se à frente do Paço Municipal. Deixou mais uma vez a sua marca de tocador de obras.
O caminho de íris serve para Marconi trilhar?
Por que não?
A derrota de Iris em 1998 foi impactante.
Se Bolsonaro é o “imbrochável”, Iris naquela eleição era o “imperdível”. Mas perdeu, e talvez não tenha aprendido todas as lições da derrota.
Naquele pleito de 1998, a “panelinha” derrotou Iris. E que panela era essa? É que a chapa do PMDB para o governo e o Senado, era quarto, sala e cozinha da casa de Iris.
Explico.
Iris era candidato ao governo do Estado, mas como tinha mandato de Senador, e o primeiro-suplente era o seu irmão, Otoniel Machado, se ele fosse eleito Otoniel assumiria a sua cadeira na Câmara Alta. Maguito Vilela, que abriu mão da reeleição, foi candidato ao Senado tendo como suplente a esposa de Iris, a ex-primeira-dama Iris Araújo. A oposição chamou este conchavo de panelinha, o eleitor entendeu e deu a vitória à Marconi Perillo.
Pois bem, em 2002, Iris, num excesso de confiança repetiu a chapa que o elegeu senador em 1994: saiu candidato tendo como companheiro de chapa Mauro Miranda. Numa eleição para o Senado com duas vagas, como foi a de 2002, é importante que o seu colega de chapa tenha votos e troque estes votos com você. É na tabelinha entre primeiro e segundo voto que ambos se elegem.
Mas não foi o que aconteceu.
Demóstenes Torres (PFL), havia deixado a secretaria de Segurança Pública no auge da fama após solucionar o sequestro de Wellington Camargo, irmão da dupla sertaneja mais famosa da época: Zezé di Camargo & Luciano. Sua popularidade o colocou à frente da disputa pelo Senado, garantindo votos também para Lúcia Vânia (PSDB), que já era reconhecida como política virtuosa pelo eleitorado goiano.
Deu no que deu. Faltaram os votos de Mauro para Iris, que perdeu para Lúcia por menos de 10 mil votos.
Talvez Marconi Perillo tenha calculado mal sua empreitada para o Senado. Mas penso que não foi só ele. As eleições e as pesquisas mostraram que uma composição entre Marconi e Gustavo Mendanha (Patriotas) seria benéfica para ambos. Um estaria no segundo turno e o outro estaria eleito. O mesmo pode ser dito de uma aliança entre o Marconi e o ex-presidente Lula. Os votos da federação centro-esquerdista (PT, PC do B, PSB, PV) poderiam ter dado a vitória a tucano e mais votos para o petista, quem sabe até ter vencido o pleito no primeiro turno.
Marconi pode fazer como Iris e ser candidato à Prefeitura de Goiânia nas próximas eleições? Nada o impede. Foi bem votado na Capital e é comparado com Iris por grande parte do eleitorado da Região Noroeste, onde levou vários benefícios como um hospital de urgência, o Hugol, obras de saneamento básico, viadutos e duplicação de rodovias.
Em política não existem derrotas definitivas e nem vitórias absolutas. A história está aí para provar, como exemplificamos com o próprio Iris Rezende