O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de um encontro entre a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, e o advogado Gerardo Blyde, um dos líderes da oposição no país, nesta segunda-feira (17), em Bruxelas, às margens da 3ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia. A reunião também contou com a participação do presidente da França, Emmanuel Macron, do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e do presidente da Argentina, Alberto Fernández.
De acordo com o Palácio do Planalto, a reunião durou cerca de uma hora e meia e a pauta envolveu “a situação no país e as relações internacionais da Venezuela”. O evento ocorre às margens da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia, que acontece nesta segunda e terça-feira (18).
Blyde já havia participado de reuniões para discutir os diálogos entre governo e oposição da Venezuela. Ele esteve presente em um encontro organizado por Macron em Paris no final de 2022, que também contou com Fernández e Petro, para destravar as conversas sobre as eleições presidenciais venezuelanas.

Vice-Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Delcy Rodríguez, ao lado de Lula e Macron – Ricardo Stuckert/PR
A Venezuela terá eleições gerais no ano que vem e a oposição no país questiona decisões de órgãos públicos que inabilitaram alguns de seus principais candidatos. No caso mais recente, a ex-deputada María Corina Machado foi condenada à perda de direitos político por 15 anos. Também políticos de oposição, Henrique Capriles e Freddy Superlano estão igualmente inabilitados para concorrer à presidência do país. A data das eleições em 2024 ainda não foi definida.
Análise
O cientista político da Universidade Central da Venezuela (UCV) William Serafino afirma que Lula busca “fortalecer seu papel de mediador das grandes questões latino-americanas perante a Europa e os Estados Unidos, a fim de elevar sua projeção internacional”. O pesquisador ainda destaca que o presidente brasileiro reconhece que a Venezuela pode ter um “efeito positivo para a estabilidade regional” por seu potencial econômico, comercial e geográfico.
“Certamente esta reunião é um item importante da agenda. Todos os participantes compartilham o consenso de que as sanções contra Caracas afetaram gravemente seu desempenho econômico e enfraqueceram o bem-estar de sua sociedade, e que constituem um obstáculo para uma negociação saudável e respeitosa sobre o destino político do país. Além disso, essas sanções bloquearam ou limitaram o potencial energético do país, fator importante para todos, inclusive para Lula. Assim, as discussões em torno das eleições passam por essa questão central, onde Caracas afirma seu argumento de que com sanções não se pode falar em concorrência justa para o ano de 2024”, diz Serafino ao Brasil de Fato.
Cúpula
Mais cedo, em discurso na abertura da Cúpula Celac-União Europeia, Lula abordou temas como democracia, criticou extremismos políticos, condenou a guerra na Ucrânia, falou sobre meio ambiente e combate à fome e voltou a defender uma nova governança global entre as nações. O encontro reúne cerca de 60 líderes europeus, latino-americanos e caribenhos.
Com Agência Brasil e BdF