O presidente Luís Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Norte FM, nesta quarta-feira, 11 de setembro, afirmou que os jovens em serviço militar no Exército Brasileiro poderão trabalhar no combate às chamas. Lula ainda destacou que conversou com o general Tomás Paiva, comandante do Exército, a fim de tornar possível a decisão. Além disso, o intuito, segundo o presidente, é preparar os recrutas para saber lidar com eventos climáticos e especializar-se em defesa civil. Na ocasião, pontuou sobre uma medida provisória como um plano de enfrentamento aos riscos climáticos extremos.
De acordo com Chefe de Estado, esse assunto já foi tratado com o comandante do Exército, general Tomás Paiva.
“Já que ele [o jovem recruta] está há um ano nas Forças Armadas, vamos tentar preparar esses meninos. São 70 mil jovens por ano, que a gente pode preparar e torná-los profissionais de combate à questão climática. De defesa do planeta, da floresta, da água, da vida humana. A gente pode fazer isso, porque vamos precisar”, disse o presidente.
Ainda segundo Lula, a ideia já foi apresentada ao comandante do Exército, general Tomás Paiva, mas ainda não há prazo para que ela se torne realidade. Conforme o presidente, os recrutas receberiam treinamento para apoiar as ações da Defesa Civil.
Essa é mais uma proposta do governo para lidar com a urgência relacionada aos incêndios que assolam o país. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mais de cinco mil focos de incêndio foram registrados nas últimas 24 horas. Lula pontuou ainda o interesse de criar um comitê de caráter técnico e científico a fim de articular ações entre os estados e o Governo Federal. O petista ressaltou a necessidade de ação em prol do Amazonas e assumiu a responsabilidade de atuar juntamente com os prefeitos. Durante a fala, Lula ainda rasgou elogios ao Exército pela disponibilização de aviões durante a sua viagem com oito ministros. A declaração de Lula ocorre após o pedido de Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, para que a União realize a contratação de mais bombeiros para trabalhar na redução das queimadas.
Além disso, destacou que os brigadistas que atuarão no combate aos incêndios serão de estados com menor índice de incêndios ou que não foram atingidos em grande proporção. A decisão de Flávio também tem relação com a declaração do Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que frisou que nem todos os pontos de incêndio estão sendo combatidos como deveriam.
Dino fez as declarações durante audiência que tinha como intuito discutir a questão ambiental no país e frisou que, embora as situações e incêndios de grande proporção estejam acontecendo em virtude de questões climáticas, a ação antrópica também tem culpa pelo que está acontecendo atualmente. Sobre a possibilidade de incêndios criminosos, Flávio Dino pontuou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem autonomia para atuar. Além disso, há fiscalização direta nas regiões mais afetadas pelos incêndios: Pantanal e Amazônia.
Investigação e Centro Policial Internacional
Na audiência, declarou também sobre a intenção de reunir as Forças Armadas e também polícias judiciárias com o intuito de investigar mais a fundo a proporção maior do fogo em algumas regiões mais isoladas; inclusive, esses incêndios contabilizam 80% das chamas em território nacional. O ministro destacou que não se pode normalizar a atual situação do país e arriscou dizer que também se trata de uma pandemia, fazendo alusão à época do Covid-19, relembrando sobre a necessidade de atuação dos três poderes.
Durante o evento, ainda pontuou:
“Nós não podemos normalizar o absurdo. Essa premissa é fundamental porque nós temos que manter o estranhamento com o fato de, nesse instante, 60% do território nacional, direta ou indiretamente, está sentindo os efeitos dos incêndios florestais, das queimadas. Isto é um absurdo e é inaceitável”.
Na entrevista de Lula, outros pontos também foram citados como por exemplo, a criação do Centro de Cooperação Policial Internacional que terá a Polícia Federal como gestora. De acordo com a fala do presidente, a intenção é ter um olhar voltado para as fronteiras por meio de parceria com países circunvizinhos. Além disso, falou da atuação das Forças Armadas e destacou projeto para mobilidade de até 250 km nas fronteiras.