Indústria ultrapassa agronegócio em empréstimos do BNDES

Indústria ultrapassa agronegócio em empréstimos do BNDES
Estimulado pelo programa Nova Indústria Brasil  dogovdrno Lula, setor industrial consolida retomada com novos investimentos

Em expansão: no acumulado de janeiro a setembro, a indústria concentrou 27% de todo o crédito aprovado pelo BNDES

O programa Nova Indústria Brasil (NIB) segue pavimentando o caminho do país rumo à industrialização, conforme os planos da administração Lula. Graças ao NIB, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conseguiu aprovar o maior volume de crédito para o segmento em oito anos. De janeiro a setembro, o montante de empréstimos junto à autarquia federal supera, inclusive, aquele direcionado ao agronegócio, cenário visto, pela última vez, em 2016.

Consequência direta do aumento da renda dos trabalhadores, da queda acentuada do desemprego e do controle estrito da inflação, o otimismo dos industriais fez dobrar a demanda por crédito do BNDES, na comparação com 2023. Mais do que nunca, os empresários precisam que o Banco Central (BC) se comprometa com o arrefecimento da taxa básica de juros, a Selic, hoje mantida entre as maiores do mundo.

O movimento de retomada da indústria pelo governo federal quebra o ciclo de negligência para com o setor, que marcou as gestões dos antecessores de Lula. É o que sustenta José Luis Pinho Leite Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES.

“Nos anos anteriores aos do governo do presidente Lula, a indústria foi totalmente deixada de lado. O BNDES deixou de apoiar o setor industrial no sentido não só de financiamento, porque diminuiu muito, mas também deixou de ter uma diretoria que olhava para a indústria”, lamentou.

De acordo com Gordon, no acumulado de janeiro a setembro, a indústria concentrou 27% de todo o crédito aprovado pelo BNDES, seguida pela agropecuária, que obteve 26%. Em 2023, entretanto, foi o inverso: o campo respondeu por 31%, enquanto que as fábricas ficaram com 18%.

“Estamos nos reaproximando do setor industrial sem deixar de apoiar os outros. Não queremos deixar de apoiar o agro nem a infraestrutura”, explica o diretor do BNDES. “O agro também demanda máquinas e equipamentos do setor industrial. Não queremos deixar de apoiar isso”, acrescenta.

Entre os ramos da indústria com mais créditos aprovados, destacam-se alimentos e bebidas (25%), mecânica (18%), química e petroquímica (12%) e transportes (12%).

Nova Indústria Brasil

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Mário Sérgio Telles, superintendente de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), atribuiu a maior procura pelo BNDES ao programa do governo federal e ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “O BNDES tinha se fechado bastante para todos os setores e as aprovações tinham caído muito”, reconhece.

“É um momento de inflexão importante, com demanda maior, um mercado de trabalho crescendo e concessões de crédito avançando. As aprovações para a indústria cresceram significativamente em 2023 e estão crescendo neste ano em relação ao mesmo período do ano passado.”

Infraestrutura

Outro setor estratégico para o crescimento industrial e do país como um todo, a infraestrutura também tem recebido aportes cruciais para o desenvolvimento nacional. Somente entre janeiro e setembro de 2024, o BNDES aprovou um montante impressionante de R$ 78,3 bilhões para projetos de infraestrutura.

Para colocar em perspectiva, no período de 2019 a 2022, durante todo o governo Bolsonaro, o banco aprovou um total de R$ 67,9 bilhões em projetos de infraestrutura. A mudança drástica na política de aprovações do BNDES indica uma nova direção na estratégia do banco, reconhecendo o papel estratégico que o setor tem para a soberania do país.

“As obras de infraestrutura, do saneamento às rodovias, são essenciais para impulsionar outros setores, estimular a produção industrial e escoar a produção agrícola”, declarou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, à Folha.

 

Com BNDES e Folha de S.Paulo, Foto: Fernando Frazão/Agência