|O deputado Gustavo Gayer (PL) é alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) por falas racistas e pode perder o mandato. No último sábado (23), a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Gayer deponha sobre falas preconceituosas contra africanos em junho, quando o bolsonarista afirmou que falta “capacidade cognitiva”, ou seja, que falta inteligência aos africanos para que entendam e vivam em um regime democrático.
A fala racista do deputado goiano foi exibida no podcast 3 Irmãos no YouTube. No programa, Gayer ainda concordou com uma fala do apresentador de que macacos teriam o QI maior que a de pessoas que nasceram em países da África.
“Aí você vai ver na África: quase todos os países são ditaduras. Quase tudo lá é ditadura. Democracia não prospera na África. Por quê? Para você ter democracia, é preciso ter o mínimo de capacidade cognitiva para entender o bom e o ruim, o certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes”, afirmou o bolsonarista.
Integrantes da Câmara dos Deputados acionaram o STF para que o deputado seja investigado por racismo. Não foi a única fala racista proferida na sua participação no podcast. No programa, Gayer também comparou os africanos a macacos, afirmou que eles teriam quociente de inteligência baixo (QI), entre outras afirmações mais do que polêmicas. Segundo ele, o nível seria de apenas 72 pontos.
A AGU (Advocacia-Geral da União) foi quem apresentou a notícia-crime contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) à PGR pelas declarações racistas. De acordo com o órgão, a fala do deputado é “discriminatória” e que a entrevista tem muitos pontos que reforçam o preconceito de etnia, cor e raça. Por isso a AGU resolveu entrar na justiça contra o bolsonarista.
“A manifestação é claramente discriminatória, pois diferencia a capacidade cognitiva de seres humanos considerando a origem africana, continente em que sabidamente a maioria da população é negra, concluindo que não teriam aptidão para compreender regime democrático. O 2º noticiado, durante a condução da entrevista, também se associa à prática delitiva, considerando que confirma a conclusão do primeiro noticiado, inclusive materializando a afirmação que compara o QI dos africanos a de macacos”, diz uma parte do documento de acusação.
Representação na Câmara
Além de incorrer em flagrante desrespeito para com os povos africanos, Gayer ainda sugeriu que os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são burros. As falas do bolsonarista possuem clara conotação racista e podem configurar, inclusive, o crime de injúria racial, cuja pena, prevista na Lei 14.532/2023, é de 2 a 5 anos de prisão, além de multa.
Por causa da fala racista, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) protocolou junto ao Conselho de Ética da Câmara um pedido de cassação do bolsonarista. Caso seja condenado, Gayer pode perder o mandato.
Com informações do IG e da Revista Fórum