Goiânia perde a alegria e o ativismo de Mauricinho Hippie

Goiânia perde a alegria e o ativismo de Mauricinho Hippie

Ícone da contracultura, Maurício foi militante pela democracia, pela liberdade e pela causa LGBTQI+ em Goiás

 

Marcus Vinícius de Faria Felipe

Morreu no domingo (10/11) Maurício de Oliveira da Costa,, que ficou mais conhecido como “Mauricinho Hippie”. Nos anos 1970 e 1980, Mauricinho desfilava pelas ruas de Goiânia com sua bicicleta, com um poodle na garupa e os cabelos tingidos de rosa ou multicoloridos.

Por incrível que pareça, a Goiânia dos anos 1970 e 1980 era menos careta e conservadora do que nos tempos de hoje. O “sertanojo” não dominava as paradas de sucesso, e nas rádios e nos bares, tocava-se mais MPB, samba, música brega e pop rock. Naqueles tempos de ditadura militar, a irreverência de Mauricinho Hippie era um bálsamo diante do endurecimento do regime dos quartéis.

Mauricinho era multimídia: Músico, pintor, artista, escritor e ativista 24 horas pela causa LGBTQI+ e pela democracia.

 

Com seu bom e irreverência participou de centenas de atos pela Anistia, pelas Diretas Já, pela volta das liberdades estudantis e sindicais. Era presença constante em assembleias estudantis, movimentos sindicais e nos comícios das Diretas Já e manifestações contra a Fome e a Carestia.

De acordo com amigos, Mauricinho tinha mais de 80 anos, estava acometido do mal de Alzheimer e Parkinson e estava internadoem uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol).

“A cultura e a arte, perde um dos seus maiores artista plástico que militou pelas galerias de arte de Goiânia. O movimento Hippie do passado, perde um dos seus criadores, o qual, deu nome à praça Hippie de Goiana e a música perde um acordeonista de exacerbado talento único. Falamos de Maurício de Oliveira da Costa, o Mauricinho, que deixa suas histórias criadas pelas ruas de Goiânia”, pontua o comunicado da família divulgado após sua morte.

A mensagem que informa a morte do artista frisa que “sua figura única, sua irreverência, e suas roupas extravagantes, a qual, realmente chamava a atenção pela sua maneira de vestir”, bem como a “sua arte”, permanecerão na memória. “Sua figura única estará tatuada em cada cidadão goiano e sua maneira de ser, ficará eternizada na arte goianiense”, frisa.

 

Notas de pesar

A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) lamentou a perda do artista em uma nota de pesar, lembrando-o como “figura colorida” que marcou o cenário cultural da cidade.

“Vai com Deus, Mauricinho! Goiânia sentirá falta de sua irreverência, mas sua arte permanecerá sempre entre nós; sua figura única estará tatuada em cada cidadão goiano e sua maneira de ser ficará eternizada na arte goianienses”, encerra a nota, assinada pelo presidente da instituição, Sandro Mabel.

Fundador da CUT-GO, Sintego-GO e do PT- GO, o professor Delúbio Soares destacou a contribuição de Maurício Hippie à cultura e ao movimento social em Goiás:

“Fico triste com a partida do amigo. Minha solidariedade a família e aos seus admiradores.

Prefeitura presta homenagem

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), realiza nos dias 13, 14 e 15 de novembro, no Museu Frei Confaloni, uma edição especial da exposição “Mauricinho Hippie – Entre arte e vida, ser ou não ser”, em homenagem ao ícone da cultura goianiense. Mauricinho, como era mais conhecido, morreu neste domingo (10/11).

A exposição, com obras do artista, será aberta ao público de forma gratuita, das 8h às 12h, e das 13h às 17h, nos três dias do evento. O museu está localizado na Antiga Estação Ferroviária de Goiânia, no Centro.

A primeira exposição sobre o artista, com o mesmo tema, promovida pela Secult, ocorreu em setembro de 2023, com a presença dele.

Assim como na mostra anterior, os visitantes poderão conferir fotos, quadros e objetos pessoais do criador da Feira Hippie, uma personalidade conhecida em Goiânia, lembrada por muitos pela sua autenticidade no jeito de se comunicar, se vestir e andar pelas ruas da cidade, de forma sempre muito irreverente, em sua bicicleta cor de rosa, e sempre na companhia de seu cachorro poodle.

A curadoria da exposição é de Antônio Da Mata, diretor do Museu de Arte de Goiânia (MAG), que conheceu Mauricinho há muitos anos e passou a admirar sua história. “Sem sombra de dúvidas, um grande artista da cultura popular. Mauricio sobreviveu a tempos difíceis, enfrentou família, doenças, acidente em que perdeu um pé, e mesmo assim, sempre foi símbolo de alegria, se destacando por onde passava, principalmente na região central da cidade. Morava em uma casa rosa, tinha uma bicicleta rosa, um cachorro rosa, que sempre levava na cestinha. Por onde passava era reconhecido. Um talento nato para criar personagens. Com certeza, seu legado ficará eternizado”, afirma Da Mata.

Serviço:
Assunto: Exposição “Mauricinho Hippie – Entre arte e vida, ser ou não ser”
Data: Dias 13, 14 e 15 de novembro
Hora: 8h às 12h e 13h às 17h
Local: Museu Frei Confaloni – Antiga Estação Ferroviária  – Centro

Fotos: Reprodução/Acervo MAG