Gilmar Mendes diz que ainda falta punir Moro e Dallagnol pelos crimes cometidos na Lava Jato

Gilmar Mendes diz que ainda falta punir Moro e Dallagnol pelos crimes cometidos na Lava Jato

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o  ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expressou críticas à conduta do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil), assim como ao deputado já cassado Deltan Dallagnol, durante as operações da Lava Jato. Essas críticas surgem em um momento próximo ao julgamento que pode resultar na cassação do mandato de Moro. Para o decano, as punições aplicadas são consideradas “leves para os crimes cometidos”. As declarações foram feitas em entrevista concedida ao jornal Valor nesta semana:

Leia abaixo a entrevista:

(…) Valor: Dallagnol teve o mandato cassado e Moro está sob risco de ter o mesmo destino. Muitos veem exagero. Qual a sua opinião?

Gilmar: Acho que as punições são leves para os crimes que eles cometeram. E ainda faltam alguns personagens aí. Um grande responsável, seja por ação ou por omissão, é o Janot, que tem passado incólume.(…)

(…) Valor: A Vaza-Jato foi fundamental para a suspeição de Moro?

Valor: Em 2021, o senhor disse que a Lava-Jato foi o maior escândalo da história do Judiciário brasileiro. Continua com essa opinião?

Gilmar: Sem dúvida. Quando você vê gente do DoJ [Departamento de Justiça dos Estados Unidos] mandando provas diretamente para cá, oferecendo serviços Além do mais, todo mundo se animou a ganhar dinheiro nesse processo. Criou-se aquela fundação do Dallagnol. Uma promiscuidade. Estamos aguardando o relatório da corregedoria-geral de Justiça no processo de correição realizado na 13ª Vara Federal de Curitiba. São bilhões repassados a destinos não identificados.

O ex-juiz e atual senador Sérgio Moro. (Foto: Reprodução)

Valor: Qual o impacto da Lava-Jato para a imagem do Judiciário?

Valor: Depois de tudo, o senhor se arrepende da decisão que proibiu o Lula de tomar posse como ministro da Casa Civil do segundo governo Dilma, em 2016?

Gilmar: Naquelas circunstâncias, não me arrependo. Aquela coisa de levar o termo de posse para usar em caso de necessidade parecia estranha. Tudo soava estranho. Havia uma sugestão de desvio de finalidade. Hoje, alguém diria que era só mais um desajeitamento da Dilma. Hoje, sabedor de todas essas circunstâncias, obviamente não haveria espaço para uma decisão assim.(…)

Com informações do DCM