Ferrovia Transoceânica, projeto do governo Lula, com apoio da China, torna Goiás maior hub ferroviário da América Latina

A EF-354 – conhecida também como Ferrovia Transoceânica – é um projeto firmado, inicialmente, entre os governos do Brasil e do Peru, com apoio do governo da China, para construir uma longa ferrovia que liga o Oceano Atlântico, no litoral brasileiro, ao Oceano Pacífico, no litoral peruano.

Seu propósito é atravessar o continente Sul-Americano de Leste a Oeste. Interessado em gerar uma rota que encurte distâncias entre portos brasileiros e portos chineses, o governo da República Popular da China está investindo 100 bilhões de dólares na construção da desafiadora ferrovia que atravessará os Andes e a Amazônia.

O projeto prevê a instalação de bitola irlandesa de 1.600 mm, e a extensão em território brasileiro terá início no do Porto do Açu, no litoral do Rio de Janeiro, até Boqueirão de Esperança, no Acre, num total de  4.400 Km. As principais ferrovias que irão interligar o litoral brasileiro com a costa do Peru serão a Ferrovia de Integração Centro Oeste (FICO), que tem início em Lucas do Rio Verde (MT) e se liga em Mara Rosa (GO) à Ferrovia Norte-Sul (FNS) e a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que nasce no Porto de Ilhéus (BA) e também se liga a Mara Rosa (GO) com a Norte-Sul.

 

As cidades de Mara Rosa e Campinorte, serão também o ponto de conexão com outras quatro ferrovias, além da Transoceânica: Norte-Sul, Fiol, Ferrovia JK e Fico, tornando-se o maior hub ferroviário do país. No caso da Estrada de Ferro Juscelino Kubitschek  trata-se de um projeto ferroviário de capital privado que vai ligar o Porto de São Mateus, no Espírito Santo às cidades de Anápolis e Mara Rosa.

Novo hub ferroviário

É uma nova etapa nas relações comerciais entre os países da América do Sul com a China que sempre tem uma grande demanda em commodities como a soja e minérios. Com a ferrovia conectando o Brasil e o Peru, ficará mais rápido e barato o transporte de mercadorias para o país asiático, devido ao encurtamento das distâncias marítimas entre os portos dos dois continentes.

A ferrovia também reflete a presença crescente da economia chinesa no aporte ao desenvolvimento dos países da América do Sul. Com a diminuição da influência dos Estados Unidos na região, a construção da ferrovia irá consolidar a China como grande parceiro comercial do Brasil e criará mais oportunidades no desenvolvimento de infraestrutura, criação de empregos e fortalecimento econômico do Brasil e de países vizinhos.

A ferrovia transoceânica facilitará o comércio com países vizinhos ao Brasil aumentando o comércio regional e fortalecendo as economias dos países sul-americanos e reduzindo a dependência de outras rotas comerciais como o canal do Panamá que é mais extensa e está agora sobrecarregada.

Conheça as ferrovias que vão impactar na economia de Goiás:

 

Ferrovia de Integração do Centro-Oeste – FICO

 

FICO – É a Ferrovia de Integração Centro-Oeste e faz parte de uma política de desenvolvimento logístico do Brasil para interligar os polos produtores de grãos do Centro-Oeste até a Ferrovia Norte Sul.

Com 888 km de extensão, sendo 383 km de Mara Rosa (GO) a Água-Boa (MT) e 505 km de Água Boa a Lucas do Rio Verde (MT), a FICO escoará a produção de soja e milho do centro norte do estado de Mato Grosso, maior região produtora de soja do Brasil em direção aos portos de São Luís (MA) Santos (SP) ou Paranaguá (PR).

 

Ferrovia de Integração Oeste-Leste

 

FIOL – Com aproximadamente 1527 km de extensão, a Ferrovia de Integração Oeste Leste-FIOL ligará o futuro porto de Ilhéus (no litoral baiano) a Figueirópolis (em Tocantins), ponto em que se conectará com a Ferrovia Norte Sul. As cidades goianas de Campinorte e Mara Rosa, distantes cerca de 250 km de Figuerópolis, sofrem impacto positivo com a nova ferrovia, que abre caminho para escoamento de mercadorias para o Porto de Ilheus (BA).

 

Estrada de Ferro JK, vai ligar Goiás ao Porto de São Mateus, no Espírito Santo

 

Estrada de Ferro Juscelino Kubistichek –  A “Estrada de Ferro Juscelino Kubitschek”, tem um orçamento previsto de R$ 14 bilhões, o que a tornará a maior ferrovia privada do País. De acordo com a descrição do projeto, a ferrovia passará pelos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e pelo Distrito Federal, conectando o porto de São Mateus (ES) ao Vale do Aço (MG) e as cidades de Anápolis e Mara Rosa.
Mapa mostra percurso da ferrovia conectando dois oceanos, o Altântico, no RJ e Pacífico, no Peru  (Reprodução)

Ferrovia TransOceânica – A Ferrovia Transoceânica surge como uma resposta à crescente influência econômica da China na América do Sul, refletindo sua busca por unir o Atlântico ao Pacífico e criar uma nova via comercial e cultural entre os hemisférios.

Designada como EF-354, a ferrovia se divide em três grandes segmentos no Brasil:

  • Do Porto do Açu até a Ferrovia Norte-Sul;
  • De Campinorte até Porto Velho, às margens do Rio Madeira;
  • De Porto Velho a Cruzeiro do Sul, na fronteira Brasil-Peru.

A Lei 11.772 concedeu à VALEC a responsabilidade pelo trecho de Campinorte a Porto Velho, destacado como prioridade. Esse segmento tem 1.641 km de Campinorte a Vilhena, além de cerca de 770 km até Porto Velho.

Até 2009, apenas o trecho entre Campinorte e Vilhena teve seu pré-projeto finalizado, com estimativa de 1.641 km a um custo de 5,25 bilhões de reais, permitindo velocidades de até 120 km/h. A construção estava prevista para começar em abril de 2011 pela VALEC, mas as obras ainda não iniciaram.

Em 2014, um acordo foi firmado entre Dilma Rousseff e os governos do Peru e da China para financiamento e estudos da ferrovia. Em 2015, o governo chinês comprometeu-se a financiar parte do projeto, excluindo o trecho até o Porto do Açu. A construção, prevista para iniciar em 2015, atrasou.

Após reuniões do G20 em 2016, a China prometeu investimentos no Brasil, incluindo a Ferrovia Transoceânica, que já tinha estudo de viabilidade econômica concluído, visando reduzir custos de exportação para a Ásia.

O impeachment da presidente Dilma e o período de instabilidade política que se seguiu inviabilizou a continuidade de qualquer projeto de infra-estrutura mais audacioso.

Com a vitória de Lula em 2022, os estrategistas de infra-estrutura do Brasil, Peru e China voltaram a se mobilizar para levar adiante o projeto da ferrovia bio-oceânica, transcontinental ou transoceânica.

Com informações da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária.

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