Conselho da ONU aprova pela primeira vez resolução de cessar-fogo em Gaza, mas Netanyahu se recusa a aceitar

Conselho da ONU aprova pela primeira vez resolução de cessar-fogo em Gaza, mas Netanyahu se recusa a aceitar

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, afirmou nesta segunda-feira (25) que o governo de Benjamin Netanyahu não cumprirá o pedido da Organização das Nações Unidas (ONU) de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Pela primeira vez, o Conselho de Segurança da entidade aprovou uma resolução de trégua. O texto foi feito por um grupo de 10 países rotativos liderados por Moçambique e determina que a pausa abarque todo o mês do Ramadã, período sagrado para os muçulmanos que começou no dia 10 e termina em 9 de abril.

No texto, as Nações Unidas pediam que o cessar-fogo se estendesse para além do Ramadã até que virasse permanente. Em contrapartida, a resolução também cobra a “libertação imediata e incondicional dos reféns” sob o poder do Hamas. Assim como a “necessidade urgente de expandir o fluxo de ajuda humanitário” para Gaza. Durante visita à passagem de Rafah no últimoe sábado (23), o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou o fato de muitos caminhões com ajuda estarem bloqueados no lado egípcio da fronteira com o território palestino sitiado. “É mais que trágico, é um escândalo moral”, afirmou Guterres.

No entanto, pela rede X, o ministro israelense disse que as Forças de Defesa de Israel continuarão atuando até que o último refém volte para casa. ”Destruiremos o Hamas e continuaremos a lutar”, escreveu. No comunicado, Katz ainda alegou que o pedido de cessar-fogo “dá ao Hamas esperança de que a pressão internacional lhe permitirá obter um cessar-fogo sem a libertação dos nossos reféns”.

Israel crítica os EUA

Desde 7 de outubro, após ataques do Hamas que deixou em torno de 1.200 israelenses mortos, Israel vem promovendo uma ofensiva militar que já matou cerca de 30 mil palestinos. A maior parte mulheres e crianças. Grande parte do território de Gaza está em ruínas, com praticamente todos os hospitais destruídos e a população sem água e alimentos, segundo alertam organizações internacionais.

A aprovação de um cessar-fogo na ONU era considerada fundamental. No entanto, não se tratava de uma solução para a guerra. Já que havia o desafio de garantir que as partes envolvidas no conflito cumprissem as determinações do texto. Apesar de juridicamente vinculativas, as resoluções da ONU acabam sendo descumpridas por muitos países, como agora fará Israel. O próprio Guterres chegou a solicitar nesta segunda que Netanyahu acatasse a decisão.

O governo do primeiro-ministro também se indignou com a posição dos Estados Unidos, histórico aliado, mas que se absteve da votação hoje. Katz escreveu que houve uma mudança de “princípio” do país. Depois de vetar três resoluções, o governo estadunidense apresentou um texto no Conselho da ONU, pedindo trégua no conflito. A proposta foi rejeitada na semana passada pela Rússia e a China, mas marcou, de fato, uma mudança de tom do país.

O presidente Joe Biden tem demonstrado preocupação com o grande número de civis mortos no território palestino. No início de março, durante uma entrevista, Biden chegou a dizer que Netanyahu estava “prejudicando mais do que ajudando” Israel com a postura em Gaza.