Campos Neto será investigado pela Comissão de Ética da Câmara por operações suspeitas no exterior

Sob a acusação de envolvimento em operações suspeitas no exterior, aplicações em offshore em paraísos fiscais e em fundos exclusivos, entre elas algumas que variam conforme a Selic, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto será investigado por manter ocultos seus investimentos em paraíso fiscal.

Campos Neto havia conseguido adiar as investigações, através de uma liminar junto ao TRF-1, porém a Justiça Federal cancelou o impedimento e ele agora terá que responder às suspeitas que pairam sob a sua gestão.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), autor de um pedido de investigação contra Roberto Campos Neto na Comissão de Ética Pública da Presidência da República, comentou a decisão da Justiça.

“Campos Neto conseguiu liminar argumentando que não podia ser investigado com base na Lei de Autonomia do Banco Central. Ele tava querendo fugir de uma investigação séria. É um absurdo um presidente do Banco Central ter offshore, ter recursos que estavam escondidos em paraísos fiscais”, diz Lindbergh.

“Pasmem, as informações que foram apresentadas é que essas empresas têm remuneração pela Taxa Selic. Ou seja, Campos Neto pode ter lucrado com a manutenção de juros altos no Brasil. Isso é muito grave!”, completa o parlamentar.

TCU

O Tribunal de Contas da União (TCU) também abriu uma investigação contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. A Corte investiga se há irregularidades no plano de passar à iniciativa privada a gestão de parte dos ativos sob administração do banco. O ministro Benjamin Zymler foi designado relator do caso. A apuração atende a pedido do subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado.

 

Entenda o caso

A revista CartaCapital noticiou, em reportagem de capa, as operações suspeitas do presidente do BC. Intitulada “Dois lados do balcão”, a matéria informa que Campos Neto abriu, ao todo, quatro empresas em paraísos fiscais: Peacock Asset, COR Asset, ROCN (iniciais do nome do proprietário) e Darling Corp. A primeira nas Bahamas, e as outras nas Ilhas Virgens. A revista se baseou em documentos apresentados pelo economista ao Senado à época de sua indicação para o BC.

O caso estava sendo investigado pela Comissão da Ética Pública sobre conflito de interesses, a pedido do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), relacionado a um outro caso suspeito. No entanto, a apuração foi suspensa em 27 de setembro por determinação da Justiça Federal.

Segundo o que vinha sendo investigado, Campos Neto teria ligação com um fundo exclusivo registrado, em 10 de janeiro de 2018, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Receita Federal. O fundo possui um único cotista, pessoa física e detentor de 100% do patrimônio desde o início. O CNPJ é 30.077.624/0001-78.

A matéria da CartaCapital informa que, em 27 de setembro, horas antes de Lindbergh pedir investigação na Comissão de Ética Pública, o deputado inquiriu Campos Neto em uma audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara sobre se ele era o dono do referido fundo. A reportagem lembra que, durante a audiência, o parlamentar ficou sem respostas do presidente do BC, inclusive para a pergunta sobre se o fundo exclusivo tem investimentos em Tesouro Direto ou em títulos do Tesouro.

Título público é um papel que o governo vende no mercado financeiro em troca do compromisso de devolver o dinheiro lá na frente ao comprador e de pagar um adicional sobre o valor original da venda. Uma das referências usadas para remunerar compradores de títulos é a taxa básica de juros (Selic), que o presidente do Banco Central mantém nas alturas, sufocando a economia.

Com informações do DCM, Carta Capital e RBA

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