A Câmara Municipal de São Paulo cassou o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por quebra de decoro parlamentar depois de declaração racista. O placar foi de 47 votos contra o político e cinco abstenções, sem nenhum voto favorável a ele.
Essa é a primeira vez que um vereador perde o mandato por racismo na cidade de São Paulo. A declaração racista do vereador ocorreu em maio de 2022, quando a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga empresas de aplicativo teve os trabalhos interrompidos por um áudio vazado.
Na ocasião, a Câmara ouvia a ex-CEO da Uber, Claudia Wood, e o sócio da empresa de motofrete THL, Thiago Henrique Lima. Ele participava da sessão de forma remota e afirmou: “Não lavar a calçada… É coisa de preto, né?”.
A Câmara é formada por 55 vereadores. Eram necessários 37 votos para que seu mandato fosse cassado. Cristófaro e a vereadora Luana Alves (PSOL), que representa a acusação, não votaram no julgamento. Uma vereadora, Ely Teruel (Podemos), não compareceu.
Marlon Luz (MDB) foi o relator do caso e deu parecer favorável à cassação do mandato, avaliando que houve quebra de decoro. Luana disse que estava presente quando houve a declaração racista e que vários políticos “se sentiram violentados pela fala. “Foi um desrespeito profundo a todos os que estavam presentes e a toda a população negra de São Paulo”, afirmou no momento destinado à acusação.
Cristófaro dividiu seu tempo de defesa com o advogado e acusou Luana de pagar manifestantes para acompanhar a sessão e pedir sua cassação. Ele ainda alegou que em seu gabinete 60% dos funcionários são negros e, na Subprefeitura do Ipiranga, de 16 funcionários, 14 são negros.
Seu advogado, Ronaldo Andrade, disse que os colegas de seu cliente tiraram a fala do contexto para “taxar de racismo”. “Eu sou contra o racismo, mas racismo. Não tirar do contexto uma frase mal colocada e taxar isso de racismo. Não é brincadeira que se faça, só que ele fez com um amigo dele”, argumentou.
Um grupo de manifestantes acompanhou o julgamento do plenário da Câmara Municipal. Ao mesmo tempo, nos arredores da Casa, uma multidão gritava “fora Camilo, fora racista”.