Governador tenta seduzir o PL para a vice, preferencialmente com o Major Vitor Hugo
Marcus Vinícius de Faria Felipe
Roberto Balestra (PP) foi deputado federal por oito mandatos consecutivos, metade deles pela oposição. Ao longo de sua carreira manteve uma trajetória ascendente, tendo sempre mais votos numa eleição do que na outra. Suas campanhas não eram espalhafatosas, como a de outros candidatos. Parecia até que não fazia campanha. Como ele vencia? Balestra dizia que “política é bico calado e pé ligeiro…”.
O governador Ronaldo Caiado (UB) foi contemporâneo de Balestra, e, de certa forma, frequentou a mesma escola da UDN/Arena no qual foram formados. É bom lembrar que Caiado é admirador confesso do ex-governador Carlos Lacerda, cuja capacidade de conspirar nos bastidores era reconhecida por seus adversários peso-pesados como os ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek.
Caiado está na praça, agindo para potencializar a pré-candidatura do ex-prefeito Jânio Darrot (MDB). Sua aposta em Darrot é na sua qualificação como gestor, após exitosa administração em Trindade. Ser um bom gestor é um dos pontos mais cobrados pelos eleitores nas pesquisas qualitativas que estão sendo feitas em relação às eleições em Goiânia.
O governador já conversou com o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (UB) sobre seu posicionamento. Considera Bruno estratégico para o seu governo, pois vê sua administração na Alego como um ponto de equilíbrio entre o Executivo e o Legislativo.
Mas Caiado está olhado para além da base governista. Ele quer atrair o PL para o seu lado, e mantém contatos frequentes com o senador Wilder Morais, que comanda a legenda em Goiás. O objetivo é costurar uma chapa onde o PL indique o vice do MDB, preferencialmente, com o Major Vitor Hugo formando a chapa com Jânio Darrot.
Esta aproximação com o PL faz parte do projeto de Caiado de ser candidato à presidência da República em 2026. O governador sabe que sem o apoio do maior partido de oposição, fica muito difícil se contrapor a uma candidatura contra o presidente Lula (PT), que deve disputar a reeleição. Como ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível, faz sentido que outros nomes possam ser considerados na oposição.
Caiado está bem posicionado em Goiás, com a popularidade em alta e a possibilidade de fazer o vice, Daniel Vilela (MDB), o seu sucessor. É uma situação muito diferente da vivida pelos governadores Tarcísio de Freitas (PL) em São Paulo e de Zema (Novo), em Minas Gerais, que amargam baixos índices de popularidade.
Se trouxer o PL para o seu lado e der ao MDB um governador, Caiado sobe vários degraus na política nacional. Essa é o objetivo que ele persegue, sem fazer alarde, no estilo “bico calado e pé ligeiro”.