Investigado por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro convocou seus apoiadores para um ato “em defesa do Estado democrático de direito” em 25 de fevereiro às 15h na av. Paulista, em São Paulo. Segundo ele, a manifestação será para se defender de “todas as acusações” que têm sofrido nos últimos meses.
No vídeo, Bolsonaro pediu aos apoiadores que não levem faixas e cartazes “contra quem quer que seja”, talvez querendo previnir faixas com ofensas a ministros do STF.
“No último domingo de fevereiro, dia 25, às 15h, estarei na Paulista realizando um ato pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito. Peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo. E mais do que isso: não compareçam com qualquer faixa ou cartaz contra quem quer que seja”, disse.
“Nesse evento, eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputada a minha pessoa nos últimos meses. Mais do que discurso, uma fotografia de todos vocês, porque vocês são as pessoas mais importantes desse evento, para mostramos para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações e o que queremos”, disse.
A repercussão do que ocorrer na manifestação convocada por Bolsonaro poderia desencadear uma possível ordem de prisão preventiva, emanada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A colunista Bela Megale, do Globo ouviu quatro magistrados do Supremo Tribunal Federal que compartilham a opinião de que ainda existe consenso na maioria do tribunal de que a prisão de Bolsonaro deve ocorrer após sua condenação judicial. Contudo, essa posição pode ser modificada conforme o desdobramento do processo, especialmente diante de novos dados, como uma possível tentativa de obstrução da Justiça.
Entrevistado pela Revista Fórum, o advogado criminalista Fernando Augusto Fernandes, avalia que, se Bolsonaro atacar o STF ou insistir em questionar a lisura das eleições, como é esperado que aconteça no ato em questão, ele deve ser alvo de uma ordem de prisão.
Na investigação deflagrada pela PF na quinta-feira (6/2) há fartas evidências e até mesmo provas materiais de que Bolsonaro de fato, articulou uma tentativa de golpe de Estado que, felizmente, fracassou.
No relatório consta, por exemplo, que Bolsonaro pediu e aprovou alterações em uma minuta de decreto que buscava implementar o golpe. A “minuta do golpe” previa a prisão de autoridades, como os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, intervenção das Forças Armadas no Judiciário e, finalmente, a convocação de novas eleições, cujo objetivo era manter o ex-presidente no poder mesmo após a vitória eleitoral do presidente Lula em outubro de 2022.
Ao dobrar a aposta e ir para o tudo ou nada contra a PF e o STF, Bolsonaro pode estar colocando, ele mesmo, as próprias algemas.
Com informações do Globo, DCM, Fórum e redes sociais