Arábia Saudita quer parceria com o Brasil e deve investir US$ 10 bilhões

Arábia Saudita quer parceria com o Brasil e deve investir US$ 10 bilhões

Iniciando a agenda no Oriente Médio, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e comitiva de ministros desembarcaram na manhã desta terça-feira (28/11), em Riade, capital da Arábia Saudita. A primeira agenda na cidade será com o príncipe-herdeiro e primeiro-ministro, Mohammed bin Salman Al Saud.

Os dois vão discutir possibilidades de investimentos sauditas no Brasil e um aumento do comércio entre os países. Em seguida, os líderes terão reunião ampliada com a participação de ministros. Na quarta-feira (29/11), Lula participa de seminários empresariais em Riade em busca de atrair investimentos para o Brasil.

Após o desembarque, o presidente detalhou que durante os encontros serão apresentados projetos para investimentos no Brasil em áreas de infraestrutura e na indústria. “Chegando na Arábia Saudita, nosso primeiro destino nesta visita ao Oriente Médio, para reuniões com o chefe de Estado e de empresários brasileiros e sauditas. Vamos apresentar projetos de investimento no Brasil e aumentar as relações comerciais e de parceria entre nossos países nos setores de energia, agricultura e também na indústria. Também vamos apresentar os projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para investimentos em infraestrutura”, afirmou.

Uma comitiva do governo brasileiro chegou dois dias antes ao Oriente Médio para reuniões com representantes do governo saudita. Na segunda-feira (27/11), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, participaram de reunião com o ministro dos Transportes da Arábia Saudita para apresentar projetos de infraestrutura que serão promovidos no Brasil, com destaque para obras contempladas no Novo PAC.

Após a reunião, Rui Costa afirmou que há expectativa de investimentos sauditas no novo PAC. “A expectativa é que parte desse investimento também ocorra por meio de fundos de investimento. Agora mesmo, nos dois leilões que ocorreram de rodovias no Paraná o fundo de investimento árabe participou”.

O ministro Sílvio Costa Filho relatou que no encontro foi apresentado o potencial do Brasil nos setores portos e aeroportos. “Queremos fazer novos portos para poder ampliar o escoamento da produção brasileira, tendo em vista o crescimento do agronegócio. E os investidores árabes sinalizam interesse em fazer operações portuárias no país. Além disso, estamos trabalhando para levar novas companhias aéreas para o país”, disse.

Os ministros Rui Costa e Alexandre Silveira, de Minas e Energia, foram recebidos pelo ministro de energia local e conversaram sobre parcerias para a transição energética.

Descarbonzação

A Arábia Saudita é um forte fornecedor de hidrocarbonetos e fertilizantes químicos para o Brasil, enquanto as exportações brasileiras se concentram em produtos alimentícios. Entretanto, nos últimos anos, a pegada verde tem atraído os bilionários fundos de investimento do país, oriundos das exportações de petróleo.

“Se tem uma coisa que os sauditas têm interesse é na possibilidade de exercer protagonismo na descarbonização da economia global e, nesse sentido, uma parceria sólida com o Brasil é simplesmente essencial”, comentou o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Osmar Chohfi, em entrevista à Sputnik Brasil.

Segundo ele, o Brasil tem tudo para se posicionar como parceiro estratégico da Arábia Saudita na área de energia limpa, sobretudo hidrogênio verde, como já faz em segurança alimentar, em um “modelo que pressupõe aportes em empresas brasileiras”.

“Até que a plena disponibilidade de energia limpa seja alcançada no país, hoje o maior exportador de petróleo do mundo, é provável que os sauditas recorram à compensação de emissões, adquirindo, por exemplo, créditos de carbono em países como o Brasil”, disse Chohfi.

Ainda segundo o presidente da Câmara, a energia limpa norteia a atuação dos fundos sauditas Salic, de investimentos em agropecuária em parceria com empresas brasileiras, e a do Fundo de Investimento Público (PIF, na sigla em inglês), de US$ 775 bilhões (cerca de R$ 4 trilhões), que agregou aportes de US$ 8 bilhões para viabilizar a maior planta de hidrogênio verde do mundo, em construção em Neon, no mar Vermelho.
O presidente Lula dá início à sua agenda em Riade se reunindo com a autoridade máxima do país: Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita. 28 de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 28.11.2023

Participação na COP 28

Após cumprir agenda na capital da Arábia Saudita, a comitiva presidencial segue para Doha, no Catar. No final da semana, Lula participa da abertura da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), em Dubai.

O presidente e ministros também irão a Alemanha, última parte da viagem, onde cumpre agendas de reuniões de trabalho com encontros marcados com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, com o chanceler Olaf Scholz e com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Com: Agência Gov e Sputinik Brasil