O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que tinha negócios com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e foi assassinado no aeroporto de Guarulhos, teria negócios em Goiânia. De acordo com nota publicada pelo site Goiás 24 horas, Antônio Vinicius Gritzbach esteve em Goiânia alguns dias antes, segundo uma fonte teria ele visitado um famoso condomínio de luxo na Capital.
Já matéria do Metrópoles, revela que um dos policiais citados na delação premiada de Gritzbach é o agente da polícia civil Rogerio de Almeida Felicio, conhecido como “Rogerinho”. De acordo com a matéria do Metrópoles, em um pequeno trecho da delação , Gritzbach cita áudios que comprovam “ilicitudes e arbitrariedades de Fabio Baena e toda a sua equipe, como Rogerinho, Eduardo Monteiro e outros”.
Rogerinho é influenciador e se apresenta como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima . Ele é dono de uma incorporadora no litoral Sul de São Paulo, porém, seu salário na polícia civil é de R$ 7 mil.
Festa na Grécia reuniu autoridades e investigados pela Justiça
Rogerinho aparece junto com Gusttavo Lima na megafesta de aniversário que o sertanejo fez a bordo de um iate na Grécia, nesta mesma ocasião participaram do convescote o governador Ronaldo Caiado (UB) e Ricardo Nunes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Entre outros participantes da festa também estavam o dono da Vai de Bet, Fernando Oliveira Lima, conhecido como ‘Fernandin OIG’, dono da One Internet Group. Ele é apontado como percussor do ‘Jogo do Tigrinho’ no Brasil. A namorada dele, Pâmela Drudi, também estava no iate.
Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH e gestor da SAF do Cruzeiro, também estava no iate de Gusttavo Lima e chegou a tirar fotos com o cantor. Também na festa estava o casal Alessandro e Georgia Alarcão, conhecidos por serem os dentistas dos famosos no mundo sertanejo.
Bolsonaro e Temer bancaram as Bets
Em 2018, ainda durante o governo de Michel Temer (MDB), entrou em vigor a lei 13.756, que liberou as apostas esportivas no Brasil – algo que, até então, era ilegal. No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o mercado de apostas no Brasil deveria ter sido regulado, com fixação de regras e limites para a atividade. Bolsonaro, no entanto, não agiu para isso. Sem a supervisão governamental, as bets cresceram vertiginosamente.
Nos últimos 12 meses, embolsaram cerca de R$ 68,2 bilhões. Comprometeram 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, 0,95% do consumo total, 1,92% de toda a massa salarial brasileira e 1,38% do orçamento familiar das classes D e E, que abrangem beneficiários de programas sociais federais.
Gusttavo e influencer investigados por lavagem de dinheiro
O cantor Gusttavo Lima e a influenciadora digital Deolane Bezerra foram alvo de investigação da Justiça do Pernambuco, que apura suspeita de lavagem de dinheiro por parte da influencer e do sertanejo na Vai de Bet, em que Gusttavo Lima é sócio juntamente com os empresários José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina, eu aliás, foram levados no avião de Gusttavo Lima para participar da festa na Grécia. A aeronave que levou Gusttavo Lima, Caiado e o casal José André e Aislla Rocha é um jato modelo Gulfstream, ano 2005, com capacidade para 17 passageiros. O avião pertence à “Balada Eventos e Produções LTDA.”., empresa que organiza os shows do cantor sertanejo e está sob investigação da Justiça.
Segundo as investigações, tanto Gusttavo Lima quanto Deolane fizeram transações financeiras com a HSF Entretenimento, empresa pertencente a Darwin Henrique da Silva Filho, CEO da Esportes da Sorte, investigado por lavagem de dinheiro e associação das bets com o do jogo do bicho, da banca Caminho da Sorte, que pertencia ao seu pai.
A Jornal O Globo informa que a Operação Integration, além de ter feito pedido de prisão de Gusttavo Lima, entrou também com pedido de sequestro de imóveis e bloqueio de R$ 2 milhões. A juíza Andrea Calado da Cruz aponta que a empresa Balada Eventos e Produções, pertencente ao cantor, e seria a responsável por ocultar valores provenientes dos jogos ilegais da HSF Entretenimento Promoção de Eventos, identificada pelos investigadores como a “pessoa jurídica de direito e de fato” da Esportes da Sorte.
Em maio e abril de 2023, a empresa do sertanejo recebeu da HSF R$ 9,7 milhões, em duas transações. Além disso a Balada Eventos e Produções teria atuado para ocultar e dissimular a propriedade e uma aeronave Cessna modelo 560XLS ao negociá-la com a empresa J. M. J. Participações, de um dos investigados, José André da Rocha, sócio da Vai de Bet.
Relação das Bets com o crime organizado
A Revista Piauí teve acesso a investigações que mostram a relação do CV (Comando Vermelho) e PCC (Primeiro Comando da Capital. Matéria da Piauí revela que em setembro de 2021, a cúpula do CV (Comando Vermelho) no Ceará mandou um “salve” para todos os seus membros: a partir daquele momento, estava proibida a operação de jogos de azar controlados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) nas áreas dominadas pelo CV no estado, onde as duas facções travam uma disputa sangrenta de território.
O veto incluía máquinas caça-níqueis, bancas de jogo do bicho e também um tipo de jogatina crescente no país, os sites de apostas esportivos, conhecidos como “bets” – embora predominantemente on-line, as “bets” também são oferecidas em pontos de jogo do bicho. A mensagem enviada pelo CV nomeava seis empresas, entre elas a Fourbet e a Loteria Fort, e avisava o seguinte: a liderança local do CV que não impedisse a operação dessas empresas “poderá vir a perder a vida ou a boca de fumo por compactuar com alemão [traidor].”
Investigações
Ao menos 80 investigações contra sites e empresas de apostas online, conhecidas como “bets”, estão sendo realizadas pelo Ministério Público e por órgãos policiais em todo o Brasil, segundo levantamento realizado pelo jornal Gazeta do Povo. Parte das “bets” viraram instrumentos de facções criminosas como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) e de bicheiros para lavar dinheiro e para arrecadar recursos em jogos onde o apostador sempre sai perdendo.
As “bets” abrangem tanto casas de apostas esportivas, onde o cliente aposta em resultados de competições oficiais de diversas modalidades, quanto cassinos do tipo caça-níquel, nos quais o apostador transfere dinheiro para comprar créditos na plataforma e participa de jogos de azar que prometem prêmios em dinheiro.
Um levantamento feita pelo instituto de pesquisas em tecnologia Datahub em abril deste ano identificou 217 empresas do tipo “bet” registradas de forma legal no Brasil. Consultorias independentes falam em mais de 400 sites ativos no país neste momento. Apenas uma parte desses sites é alvo das investigações. Outros operam como casas de apostas legítimas.
A Gazeta do Povo pesquisou na Justiça dos 26 estados e do Distrito Federal neste mês investigações criminais envolvendo as bets e encontrou 80 procedimentos em curso ou recém abertos. A maioria deles investiga crimes de lavagem de dinheiro, estelionato, formação de quadrilha e participação em organização criminosa.
“Precisamos avaliar que é só uma parcela de bets que se utiliza destas estruturas de aposta para ações ilegais, mas criminosos viram nelas essa possibilidade e estão se aproveitando disso”, avalia o advogado Márcio Berti, especialista em Direito Penal.
Gritzbach foi executado em Guarulhos
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem junto com a namorada quando foi executado, na tarde da última sexta-feira (8/11), na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Conforme apurado pelo Metrópoles, ele foi morto com um tiro de fuzil no rosto. Câmeras de segurança registraram o momento em que os atiradores descem de um carro preto e executam o empresário.
Outras três pessoas, sem nenhum vínculo com o empresário, ficaram feridas, segundo documento da Polícia Civil obtido pela reportagem. Entre elas, está o motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos. Ele morreu um dia após ser encaminhado para a Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Geral de Guarulhos. As outras duas vítimas, de 28 e 39 anos, passam bem.
Com informações dos jornais O Globo, Metrópoles e Gazeta do Povo, Revista Piauí e Goiás 24 horas